CAPÍTULO 9 - DOCUMENTOS FBI: PARTE 6

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São exatamente duas e quarenta e sete da manhã, chegamos em casa as nove horas. Eu pus os dois para dormir as as dez e meia, mas continuei acordado, pois algo arrancava-me o sono. Eu não estava bem, pois no dia seguinte completariam três anos desde que Laís, minha mulher, morreu após ter sido atropelada em 2008. Bellamy e Octávia nem sabiam dessa data, pois eu não os lembrava, não tinha coragem, e todo ano esta data passa despercebida para eles, mas não para mim que sempre tenho que fingir que está tudo bem e segurar as lágrimas, pois não quero que me perguntem o porquê de estar chorando. Eu não aguentaria. Alguns amigos meus dizem que eu deveria lhes contas, mas não acho que seria bom para os meus filhos. Quando eles completarem uns 15 anos aí eu conto, mas por enquanto não tenho a mínima coragem para o fazer.
Lembro-me dos papéis que minha avó me entregou no dia anterior e decido lê-los. A caixa tinha uma coloração prata com tom de velho. A parte interior da tampa estava enferrujada. Os documentos eram também papéis com aparência de antigos, com uma coloração amarelada. A capa é um manuscrito com dedicatória a minha avó e uma frase em negrito escrita: Ufos: CÓPIA.
— Que coisa. — sussurrei enquanto abria o relatório. Comecei a ler a primeira página, intitulada: Os Translúcidos. — que inclusive era a única pagina que a folha tinha a coloração totalmente branca, enquanto que as outras eram amareladas.
Eu li, e reli… assim foi o resto da madrugada toda: 3 da manhã, 4 da manhã, 5 da manhã… até que o sono me venceu.
Acordei-me com Octávia me cutucando:

— Pai! Pai! Estamos atrasados!
— Octávia? Que horas são? — perguntei assustado.
— 08:07 da manhã, acho que não seja possível mais entrar na escola, porque o portão fecha às 08:00 da manhã.
— Aí meu Deus! Não acredito! — Indaguei ríspido. — Caramba! Filha onde está seu irmão?
— Ele está deitado pai, como sempre alguém precisa acordá-lo. O senhor já viu alguma vez o Bellamy acordar por conta própria? Sem que alguém o chamasse?
— Eu não, nunca presenciei isso. Vá acordá-lo por favor. Vou preparar nosso café. A, e o avise que vocês não irão para a escola hoje.
— Está bem.

Sento-me no sofá e bocejo. Os papéis estavam todos no chão. Comecei a apanhá-los e naquele momento me veio na cabeça pensamentos acerca do relatório. É estranho acreditar que possa ser verdade esta teoria, digamos que, bastante louca, sobre multiversos, mas eu quero ajudar o Bellamy e por isso não posso julgar isto como loucura, e mesmo que seja, não quero simplesmente presumir que o seja. Organizei o relatório e o coloquei na caixa e a guardei dentro de uma gaveta, no armário da sala de estar. Naquele momento ouço Octávia descendo as escadas correndo e me chamando assustada. Tropeçou em um dos degraus e caiu. Fui até ela e a ajudei. Perguntei o que havia acontecido, e ela me falou que seu irmão não estava no quarto.

— Como assim não está no quarto? — perguntei assustado. Subi as escadas e fui ao quarto. — Bellamy? — Ninguém respondeu. Revirei todo o quarto de um lado a outro.
— Pai cadê ele? Será que ele foi para a escola e não nos avisou?
— Octávia, você acordou e não reparou se ele estava aqui ou não?
— Não pai, eu vi que estávamos atrasados e nem reparei em nada, só corri até o seu quarto, mas o senhor não estava lá, então fui a sala e lhe encontrei no sofá daí eu o acordei e vim aqui no quarto acordá-lo, mas não o encontrei.
— Ok, eu vou ligar para sua avó e para a escola. — Eu a abracei. — Ele vai voltar, com certeza saiu para passear ou foi para casa de algum colega mesmo.

Sinseramente, eu não tinha noção de onde ele poderia estar. Vieram vários pensamentos, mas nenhum fazia sentido para mim. Desci as escadas e liguei para a escola. Chamou… chamou… — atende merda! — falei ríspido. — atende caramba!
Alguém atendeu.

- ligação on -

Diretoria da escola: Escola Primária de Atlanta. Bom dia.

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