Despedaços

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Ei, policial, me dá um pedaço de pão?

Ora, você que agora me ignora, depois reclamará se me encontrar na prisão.

Nasci bicho e morrerei bicho! Sou tido como macaco, reviro o lixo como um cachorro e, provavelmente, acabarei enjaulado.

Perseguido, humilhado, pelos governantes negligenciado. Atrás de cada preto pobre favelado, há um político branco muito bem trajado.

Alimentado por esperanças, qualquer sonho meu é utopia. Todos que passam por mim, jogado nessa rua, parecem ter miopia.

Historicamente marginalizado, nesse país, ser negro é errado, é inconveniente. Mas quem é essa gente, que luta por igualdade? Igualdade, só entre eles, porque pobreza é sinônimo de maldade.

Mas, por fim, tudo é sempre "igual". Tudo o que tenho é esse pedaço de papel, nele eu me expresso e indago-me sobre todo este fel.

Escrevo, logo existoOnde histórias criam vida. Descubra agora