Faz um tempo que as coisas são assim,
Assisto o mundo através da janela do ônibus.
Por um período fiquei chateada
Mas reparei que a vida não é difícil só pra mim.
Sentada ou em pé - quase sempre -
Reparei que eu não vivia direito,
Era de casa pra escola e da escola pra casa.
O único momento que eu podia apreciar o mundo e seus conceitos
Era quando estava na estrada.
Imaginei que aquilo era um fardo único.
Eu via as pessoas andando, correndo e conversando na rua,
Tão simples, tão livres
E eu presa naquela gaiola
Para cumprir as mesmas tarefas mais uma vez.
Até que um dia meu pensamento se iluminou de repente:
Todas as pessoas têm sua própria corrente.
Os que corriam estavam sempre atrasados, sufocados pelos compromissos.
Quem conversava, resolvia problemas sérios e, assim como eu, também desejavam um chá de sumiço.
Dia após dia, por aquela janela de ônibus,
Percebi que sempre via as mesmas pessoas, realizando as mesmas tarefas, nos mesmos locais.
Percebi que todo dia estava com as mesmas pessoas, dentro do mesmo coletivo, no mesmo horário.
Percebi que a sociedade é um organismo que trabalha sem parar, sem se questionar e se submete a deixar de viver sem ao menos saber o porquê.
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Escrevo, logo existo
PoetryA vida me fez poetisa. Enxergo poesia na política, no bar, na vida, na rua. Escrever é definitivamente a minha cura! Vago pela vida tentando entender o sentido de tudo e, depois de me embriagar com tantas sensações, na minha ressaca, vomito palavras.