A VERDADE SOBRE O MUNDO É QUE... O UNIVERSO se encontra em um único ponto e todos os pontos estão em todas as realidades. Descobrir isso implica em questionar quem realmente você é.
Ana Rachel não queria fazer parte disso, mas o destino não conside...
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"Observo em mim mesma as mudanças de estação: eu claramente mudo com elas."
Clarisse Lispector
INTUIÇÃO?
Dias atuais, nosso mundo
Naquela última noite de meu ano particular, o clima estava peculiarmente estranho, e o seguir constante da vida - sempre em frente - parecia conspirar contra minha festa. Eu não estava organizando nem faria questão, mas se parar-mos para pensar, nunca somos nós a organizar tais comemorações, são sempre os amigos ou familiares que querem ou anseiam por uma festividade; tudo de que necessitam são motivos, - mesmo que vãos - para uma fanfarra. Principalmente quando se trata de uma cidade pequena como esta: Porto da Paz.
Cidades pequenas não costumam ter muitas opções de distração ou diversão. Apesar de margear um rio, sua principal fonte de renda e entretenimento ou às vezes em que recebíamos um circo ou algum pequeno show organizado pelas entidades públicas, os habitantes pareciam querer mais do que os recursos atuais poderiam oferecer a sociedade.
Minha família tratara de convidar com antecedência, quase metade da população, o que era realmente um exagero já que eu não conhecia metade daquelas pessoas. Se servir de explicação eu não sou muito comunicativa, não é que eu tenha medo ou receio das pessoas, mas prefiro meu individualismo, me parece ser mais seguro. Meu cérebro funciona melhor no silêncio da solidão.
Era final de julho, então deveria estar começando a ventar, porém o clima estava conturbado nesta região. Algumas pessoas diziam serem os efeitos colaterais da poluição no mundo, mas para mim era mais como um presságio de coisas grandes e estranhas.
Quando criança, disse a minha mãe que algo grande iria acontecer. Ela me perguntou: "Vai ser bom?" e eu não sabia o que responder então eu disse: "Vamos ficar bem".
Naquela época morávamos - eu, minha hoje falecida avó e meus pais - nas proximidades do rio. Eu não soube dizer como sabia, mas sabia que algo aconteceria.
No decorrer das próximas semanas chuvas incessantes, encheram uma das maiores barragens rio acima e quando finalmente começou a chover em nossa região, estávamos contentes. Havia sido um dos verões mais quentes de que me lembro. O rio quase secou completamente, as plantações não vingaram e o prejuízo faliu fazendeiros afetando as vidas das pessoas na região.
Foi durante a noite que tudo mudou. Estávamos nos confortos de nossas camas, quando de repente fomos expulsos de casa com praticamente as roupas do corpo. Haviam liberado as águas da barragem, mas não avisaram as populações rio abaixo. Perdemos tudo o que tínhamos no episódio que ficou conhecido como uma das maiores enchentes daquela década.
Dias depois, em um abrigo improvisado numa escola infantil, minha mãe veio falar comigo.
_Como você sabia? - Ela perguntou - Como sabia que isso ia acontecer?
