II - Despertar

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"O silêncio é o refúgio da prudência"

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"O silêncio é o refúgio da prudência"

Baltasar Gracian

(alterado)

DESPERTAR

A dor insana que acarretou todo o meu corpo, fez-me desejar a esporádica morte que ludibriou minha mente ante a queda, apesar de poder ser bem dolorosa, mas nada se comparava a dor que sentia naquele momento. Cada músculo e membro do meu corpo tremulava desorientado, por cada pancada que a floresta havia me dado enquanto caia, batendo de folha em ramos e alguns galhos.

O calor e a umidade do solo eram intensos, fazendo o cheiro podre das folhas do chão tornar o ar sufocante. Meus pulmões gritavam por uma brisa fresca para voltar a funcionar normalmente. A luz majestosa de um imponente sol nascente, não penetrava na copa das árvores tornando o chão turvo da floresta ainda mais sombrio e tenebroso.

Embora não pudesse olhar á minha volta o pouco que via, era assustador. Há poucos minutos eu estava no calor do meu quarto e então, coisas estranhas aconteceram de uma hora para outra. Grandes redemoinhos de nuvens desciam dos céus como tornados no mar, afunilando-se e misturando com a terra. Trovões e grandes flashes de relâmpagos acompanhavam a descida de cada novo estranho redemoinho de nuvens. Ventos fortes tornavam a chuva desastrosa, então de repente estou presa por mãos desconhecidas que envolvem meu pescoço e estas me arrastam para este lugar tenebroso.

Talvez não seja sorte estar viva, mas como compreender este milagre? Eu vi uma grande lua que brilhava prateada sobre a terra em meio a escuridão espacial e então caí atravessando uma camada espessa de nuvens e a luz intensa de um sol quase alto iluminava uma floresta que se estendia como um grande tapete redondo de norte a sul, leste oeste. Não muito antes do horizonte, este mesmo sol parecia não predominar revelando um horizonte congelado.

A morte seria iminente quando atingisse as árvores em sua copa. Pensamentos assombrosos me tomaram ao imaginar meu corpo estraçalhado, com suas partes presas no alto das árvores e o pior viria se a morte não acontecesse no momento do impacto. Pensei em meu corpo dilacerado com sangue por toda parte e senti minha pele arrepiar com o horror de imaginar a dor caso ainda mantivesse consciência.

Atingi uma velocidade feroz, tão veloz que quando alcancei a copa da floresta eu não via árvores, nem seus galhos ou troncos, eram borrões verdes e acinzentados. Senti a morte como se fosse um ser que se deliciava ao me acompanhar esperando o momento de arrastar-me para sua morada; mas ela fora tão enganada quanto eu. Uma enorme folha vermelha me envolveu como se fosse uma cama de almofadas selecionadas, lançando-me de volta para o alto imitando uma cama elástica. Um brilho dourado traçava o curso do meu corpo enquanto a grande folha iluminava-se em contato com os poucos raios de sol que penetravam a o tapete verde que era a copa.

Apesar de grande, era frágil e não aguentou o segundo impacto contra ela. Cedeu desvencilhando de mim descendo suave entre as árvores enquanto caí batendo em galhos e grandes folhas ate atingir o solo ocre da floresta.

Herdeira do Trono - A Rainha das Trevas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora