V - Ninfas, Aliados e Inimigos

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"Quem te quer bem, um dia entenderásuas escolhas, mesmo que para osoutros não faça sentido na hora, masnão desista de lutar pelo que mais sequer

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"Quem te quer bem, um dia entenderá
suas escolhas, mesmo que para os
outros não faça sentido na hora, mas
não desista de lutar pelo que mais se
quer... Pelo que mais se ama."

Jean Pierre Ginhoux

A CERIMÔNIA DA ESPADA


O cheiro entorpecente havia passado, restando apenas o odor ocre de troncos mofados e podres. Eu estava tonta não por causa do odor, mas por que estava dependurada de pés para cima, em um casulo que envolvia meu corpo da cintura para baixo, ou melhor: da cintura para cima. Estava escuro e eu não podia enxergar nada, nem sequer ouvia algum barulho ou sabia se estava muito alto.

O lugar quente e abafado inspirou minha transpiração e o fato de estar de cabeça para baixo não ajudou muito. Meu suor escorria por entre meus seios - que não eram nada avantajados - traçando caminhos por meu pescoço, lavando minhas feridas e vindo parar direto em meus olhos negros que ardiam em resposta. Não parecia ter saídas e os sons que fazia ecoavam na escuridão. Havia uma única fonte de luz que parecia estar muito abaixo de mim. Era um ponto minúsculo e sua luz fraca não era capaz de revelar nada do lugar onde estava. Apenas dava a impressão de que eu estava a uma grande altura.

_Gênio? - Chamei na esperança de que pelo menos ele continuasse comigo, apesar de não ser claramente a minha melhor opção, já que por pouco não me matou.

_Bem vinda de volta bela adormecida. - Reconheci sua voz por ser mais um chiado.

Depois do episódio em que ele me atacou eu não sabia se poderia confiar nele, mas ainda assim não acreditava que haviam me retirado de meu mundo, para morrer aqui. O sangue que não tive tempo de limpar, agora seco se partia em inúmeras pequenas rachaduras em meu braço, o corte do pescoço ardendo latente em contato com o suor e em sintonia com todos os arranhões pelo meu corpo. Eu estava em uma situação bem complicada com as mãos presas na cintura esbelta onde algo como um casulo me segurava suspensa na escuridão.

_O que houve? - Questionei eufórica por ouvir alguma voz e saber que não estava só.

_O que houve? - Eugênio repetiu minhas palavras em uma imitação patética minha, começando a irritar-me - Não é obvio? A floresta do sul é um lugar considerado sagrado, agora sabemos por que. Lar das ninfas, as últimas que ainda resistem a Branca.

_Você pode explicar melhor?

_Amadores! Creio que você tenha ouvido um dos enviados da rainha gritar "as árvores sangram"?

_Sim, eu ouvi. - Relembrei o momento - E logo tudo estava em chamas.

_As ninfas são protetoras de bosques, e elas vivem nas árvores e são parte das árvores. Não podem se afastar muito das árvores onde nasceram. 

Herdeira do Trono - A Rainha das Trevas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora