CAPÍTULO QUATRO

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DAKOTA

Sinto minha cabeça pesar e meu estômago embrulhar assim que me sento na poltrona e olho pela pequena janela do avião. Eu não tenho a menor idéia do que vou fazer agora. Não esperava essa reação dos meus pais. Bom, pra ser sincera no fundo eu sabia que poderia acontecer o pior só não estava devidamente preparada. A essa altura do campeonato eu deveria ter me preparado melhor para todos os tipos de reações possíveis. Meus pais nunca demonstraram muita empatia com pessoas de classes baixas. A minha vida inteira eu vi isso acontecer. Não sei porque imaginei que seria diferente comigo, talvez por ser filha minha mente tenha cogitado a ideia de que ambos seriam no mínimo flexíveis. Ledo engano, eu jamais devia ter depositado o último resquício da minha esperança em algo que estava além do óbvio que não aconteceria.

Deserdada. Sozinha. Grávida. Céus! Minha vida se tornou um caus de uma hora pra outra. E mesmo assim não consigo me arrepender da decisão que me trouxe a esse momento. Tudo porque eu optei por seguir adiante com minha gravidez. O engraçado é que eu sempre fui considerada uma pessoa fútil e egocêntrica e realmente era verdade. Mas, bastou ver as duas listrinhas naquele bastão que, minhas vontades deixaram de importar. Era apenas aceitar a consequência dos meus atos. Foi eu quem entrou naquele bar, eu que aceitei sair com Dylan. Eu que quis passar a noite com ele. Meus pais não quiseram entender mais uma vez os vi fazer planos em relação a mim sem nem ao menos pedir minha opinião a respeito. Para ser sincera de primeiro momento eu fiquei em choque com o que eles sugeriram, e eu seria hipócrita de dizer que não cogitei a idéia. Mas, alguma coisa em mim me fez pensar melhor. Eu vi a forma que Heloísa ficou ao segurar suas filhas. Eu participei de tudo. Eu segurei a sua mão e a incentivei. Eu também quero isso! Por mais que não seja igual, pois Rafael quis os bebês desde o início e apoiou a Heloísa em todos os momentos. Sei que comigo não será assim, eu ainda enfrentarei muitas turbulências no processo. Mas, estou disposta a seguir a diante.

Assim que chego a Nova Iorque do aeroporto mesmo chamo um táxi e vou direto para o banco. Na minha conta não tem muito já que sem opções usei metade do dinheiro comprando uma passagem de volta para Nova Iorque. Meu pai foi firme na decisão de me expulsar de casa e foi exatamente o que eu fiz um dia depois que cheguei, nem tirei minhas coisas da mala e sai, não suportava mais um minuto sequer em Paris. Minha mãe ainda tentou me convencer a ficar mas, eu sabia que ficar significativa abortar e não estava disposta a abrir mão do bebê.

Tiro todo o dinheiro que restou antes que minha conta também seja bloqueada. Meus cartões de crédito foram, no minuto que tirei os pés de casa e eu também fui proibida de pegar as jóias pelo meu pai. Meu medo durante todo o voo foi não dar tempo de pegar o dinheiro mas, eu consegui o que já me ajuda e muito. Se ele quer ficar com as malditas jóias que fique e seja feliz. Eu não preciso delas nesse momento. Precisava do apoio e amor que eu percebo nunca ter recebido.

600 dólares, três malas e quase dois meses de gestação. É tudo que eu tenho. Com a ajuda de um funcionário do banco minhas malas são colocadas na calçada. Suspiro profundamente sem saber onde ir. Imagens desconexas da tia Esther invadem minha mente mas, rapidamente as afasto me repreendendo pelo rumo dos meus pensamentos. Não posso procurar minha tia depois de tudo que eu causei, sem contar que vivi praticamente um ano na sua casa, não tem a menor possibilidade de eu fazer isso de novo e ainda por cima grávida.

"(...) Obrigado pela sua companhia hoje! Espero que tenha uma noite de sono linda como você" mais uma vez as palavras do Dylan me vem a cabeça. Eu não sei como me deixei enganar por um tipo como o dele mas, o que está feito está feito. E por mais orgulhosa que eu seja a situação não me deixa escolhas. Eu vou procura-lo. Preciso nem que seja de um lugar para ficar, com o tempo posso arrumar um emprego e juntos dividimos as obrigações que uma criança trás. Claro, isso está longe de significar que nos tornaremos um casal. Dele eu não quero absolutamente mais nada além de distancia. E também não estou disposta a abrir mão da guarda da criança, mas é justo que ambos assumamos as responsabilidades. Não sou daquelas mulheres orgulhosas que fazem tudo por sua conta e risco. Não. Eu nem mesmo tenho meios para tal. E mais uma vez eu tenho que colocar as necessidades da criança acima da minha. Está decidido, eu vou pedir ajuda ao Dylan só enquanto não tenho estabilidade para viver sozinha.

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