angel ۩ hes {concluído}

01. forest

harry

toda a movimentação da casa me deixava tenso, o foco da ocasião nem sequer era eu, entretanto eu sempre faria parte daquilo, afinal, família já é um laço importante, uma família com dinheiro é um laço impossibilitado de cortes.

o costume de se realizar os casamentos em casa eram próprios das pessoas mais ricas. ter empregados suficientes para organizar tudo e conseguir trazer um padre já denunciavam a quantidade gasta em todo esse processo.

era angustiante, e seu irmão estava lidando com aquilo como se fosse algo diário. william ainda adorava os conselhos dos pais, mesmo que fossem críticas. a bajulação era nojenta aos meus olhos.

por fora da bolha eu sabia que todo esse temor perante a casamentos era pelo fato de, mais cedo ou mais tarde, ser a vez do meu.

a lista para possíveis esposas eram enormes, há impressionantemente mais mulheres que homens na região, e um deles de sobra já se torna motivo de alvoroço nas casas de chá ao fim da tarde.

dali poucos dias o foco do casamento do irmão do meio teria passado, e será a minha vez. confesso que me abdico do cargo sem nem estar nele.

o tempo que estudei fora não foram suficientes o bastante para me distanciar desse carma.

"sua roupa chegou do alfaiate, certo?" - anne apareceu com seu vestido impecável, nem mesmo as tarefas a deixavam menos bela.

"sim, senhora."

recebo um sorriso, ela não se importa nada com a formalidade dentro da família.

"e está como queria?"

"perfeita."

"ah, que ótimo. algo a menos para se preocupar...ah, não, violeta!"

gargalho um pouco com ela apressando o passo atrás da minha única sobrinha, filha de william, o irmão mais velho. os mesmos tinham suas estadias na casa por conta da cerimônia, mas moravam em outra cidade, contra a vontade dos pais é óbvio.

tia clare surge no fim do corredor aberto, com seus passos decididos e descontraídos.

"os cavalos estão prontos para montar, sabe, só para lhe informar."

ela é a pessoa que mais me entende da família, tem um cérebro brilhante, e é motivo de desgosto dos meus avós por não ser casada. e ela adorava sua vida assim.

"obrigado."

a morena aperta minhas mãos, meu modo de esvair sentimentos é apenas do seu saber, e ela me conhece melhor que ninguém aqui.

o caminho para o estábulo é demorado, cumprimento alguns funcionários, e quando chego até lá vejo gogh reluzir com sua pelagem branca.

"olá, amigo."

acaricio o animal de grande porte, e em segundos estou cavalgando pelo mar verde que se abre depois de algumas casas como a nossa.

o diferencial das minhas sensações já são notórias, e eu tenho que abaixar meu tronco e sussurrar para o cavalo ir mais rápido.

depois de já estar anestesiado o suficiente, eu vou com mais calma, até estar com os pés no chão e conduzindo o cavalo nas mãos.

ainda não quero voltar para casa, então vou pelo caminho da floresta, por onde há árvores demais, e por isso tenho que andar na frente e ir puxando o animal atrás de mim.

"está com sede, né."

recebo um relincho em reposta, e caminho para o lago mais próximo, que na verdade exigia um tempinho andando, por ser o que cortava a floresta ao meio.

quando chego até lá, deixo o animal bebendo água e me apoio numa pedra alta, observando a natureza como já era habitual.

era aquilo que me acalmava. e não toda aquela etiqueta das gerações da minha família.

reconheço alguns cantos dos pássaros pelo costume, e quando um deles se destaca, sendo assim, canto de uma pessoa, eu vasculho meu olhar quase que por cada caule existente no local.

estou curioso demais para encontrar a voz, mas só consigo dar alguns passos, olhando para ver gogh querendo se afastar da minha vista.

num milésimo de segundo entre o branco do seu pelo e o de um vestido balançando, eu vejo uma garota.

primeiro cuido de pegar o cavalo de volta, e, em seguida, sigo o rastro do canto acabado, que agora, devolveu o lugar aos pássaros do lugar.

•••

não imagino uma personagem específica, só precisam saber que ela é loira, baixa, magra e muito branca. é isso 💓