angel ۩ hes {concluído}

06. suitor

angel

conhecer pessoas novas definitivamente não era meu evento favorito.

conhecer uma pessoa que eu não queria conhecer era bem pior, ainda mais tendo a plena noção de que ele seria meu noivo a partir dessa cerimônia, adornada em branca para declarar calma, sendo que a noite de núpcias seria em vermelho, entregando uma adolescente para um velho por moedas de ouro.

moedas que eu rasgaria com os dentes se fugir disso fosse uma opção.

mas tudo bem, pelo menos harry viria no final, para que eu pudesse respirar de verdade um pouco naquele dia.

"está linda, anjo"

literalmente do nada, uma senhora diz, e sua visão ao longe se assemelha a um estado inicial catatônica.

apenas a boca mexendo, o corpo curvado, que quando me mexi para fora do seu alcance continuou da mesma forma.

"é sua futura sogra, angel, não devia fazer esse olhar."

mamãe diz com a mão em meu ombro, fazendo-me andar em linha reta para não sei onde.

a senhora parecia bondosa, mas fazia sentido seu estado, o filho já era velho e por dizeres era tão mal humorado que poderia ser pior.

"está pronta para o conhecer?"

interpreto a pergunta como retórica, eu não diria qualquer palavra confirmatória mesmo que na sua presença.

olhar para a cerimônia quase fazia meus olhos brilharem, porque pensar na razão dela cortava imediatamente qualquer ponto positivo sobre a comemoração e as pessoas, essas que eu, mal conhecia.

não sei porque mamãe achou boa ideia convidar tanta gente, ainda mais que não conhecemos, só porque são de sangue azul, ou em algum momento da vida, fez negócio com a família de seu futuro genro.

e ela fez disso uma cena de romance, mesmo que todos soubessem não se tratar disso, deixava a cena mais fácil, nada iria mudar se todos estivessem cabisbaixos e dizendo a verdade, o quanto aquilo era completamente loucura.

esperava que harry viesse, nem que fosse para me fazer sorrir um pouco antes de tudo isso acontecer.

ou queria que ele me visse no vestido bonito que estou, branco como minha pele e com tanta renda que não acredito que seja possível haver pele suficiente para ter abaixo dela.

e não entendo porque quero tanto isso.

estou enjoada de tanto ser maquiada e preparada para o momento. as mulheres não saem do meu pé e mamãe sai do quarto, parecendo ocupada dizendo onde colocar vasos de flores e afins.

puxo uma cortina da janela do meu quarto e o vejo instantaneamente. a pele um pouco mais corada que os demais o fazia se destacar.

- com licença, senhoras, vou aproveitar que meu marido ainda está se aprontando para agradecer alguns convidados. se me permitem.

faço uma reverência com meu vestido e elas assentem, como se a falta disso fosse me impedir de ver meu amigos dos olhos verdes, pelo o que eu saiba pela última vez, antes de ser de outro de corpo e alma.

desço as escadas com calma, apesar de estar mais nervosa para o ver do que para a festa em si, não queria que reparassem e tivessem reações precipitadas. mamãe me mataria só de pensar de eu ter relações com um homem que ela não conhecesse.

- olá.

isso é tudo que eu consigo dizer. as pessoas em amontoados não me sufocam, mas sem sozinho sim. como pode?

- seu vestido é deslumbrante.

ele tem um sorriso diferente nos lábios, mas é sério me elogiando, morar no castelo lhe ensinou a manter as aparências, e eu achava muito elegante, mas gostava mais de quando estávamos sozinhos e ele podia ser de verdade, com as mãos no meu cabelo ou meu quadril balançando perto da cintura dele.

- e como está o banquete? estão todos felizes?

- sim, estão. acreditam que é o melhor para mim.

- menos você.

- você também não parece feliz com esse pretendente. mas acho que está mais arrumada que a minha.

reviro os olhos rapidamente.

- eu estaria mais arrumada se fosse pra andar com você na floresta, do que para ele.

harry sabe que tem nojo na minha voz, e talvez tenha o mesmo pensamento que eu, de como será em alguma noite próxima, na lua de mel, e em todas as outras.

- eu sinto muito por isso.

- não precisa sentir.

o styles tem o rosto prensado por conta da minha atitude atrevida, mas ele estava acostumado.

pego na mão dele antes que a carranca saia do seu rosto, e ando uns segundos sem muita noção, porque a mão dele está muito macia e minha mente só capta isso para ser alvo de atenção.

mas aí eu paro mais longe da aglomeração, num canto do jardim que mamãe não arrumou, portanto não deixa ninguém chegar perto, e a maciez da boca dele é maior ainda.

não sei o que me deu e nem consigo explicar. meu coração fica muito acelerado, e não espero retorno da parte dele, eu nem mesmo sabia o que fazia.

o céu só ficou mais carregado porque a voz da minha mãe surgiu, e o de olhos verdes se afastou, olhando todos as pontos do meu rosto, antes de me soltar e indicar com o dedo para que fosse.

- vá conhecer seu pretendente.

só não doeu tanto porque minha cabeça ainda tinha sua imagem e cheiro e gosto mais impregnados que nunca.