03. comitted

2.2K 152 58
                                    

harry

hoje pelo menos a casa estava com uma histeria mais fraca, porque mesmo faltando menos de duas semanas para o casamento, tudo já estava devidamente pronto.

os nervos a flor da pele pertenciam somente ao noivos, e meus pais é claro.

precisava cuidar de uns papéis de família, mesmas assinaturas sobre terras e assim, quando terminasse estaria a vontade para fazer o que quiser.

ajudei tia clare com violeta por um tempo, apesar dela ser a mais paciente com a garotinha, ela estava mesmo hiperativa naquela tarde.

"o que acha de darmos um passeio? acho que a natureza pode acalma-la."

minha tia faz aquele olhar de quem tem toda a razão.

pego a menina no colo, e ando para o jardim, somente esperando a mulher falar com os pais da violeta.

a pequena logo está com os olhos verdes presos em uma borboleta, que rodopia em volta de nós dois.

eu definitivamente sou apaixonado por crianças, mas não me imagino no lugar de pai, simplesmente me parece estranho no momento.

logo minha tia volta e acompanha eu e a pequena, falando sobre coisas do futuro, como quando violeta crescer e assim.

solto a menina para correr quando ela inicia uma conversa mais tensa, sobre dinheiro, e eu fico preocupado, mesmo com todos os grandes a volta dizendo que era coisa pouca para se importar, ainda mais eu, como um dos mais jovens da família.

suspiro, clare corre para pegar minha sobrinha e a girar no ar, a felicidade da garotinha sempre me contagia.

"ela precisa se hidratar, vai ficar ou vamos juntos?"

"pode ir na frente."

clare assente e anda vagarosamente levando a criança, que vai pulando e puxando a mão dela.

sento de qualquer jeito na grama, inclino a cabeça e fecho os olhos, que são só abertos novamente pela sombra que sinto atrapalhar.

"olá."

há uma garota loira na minha frente, que surgiu não sei de onde, tapando minhas visão com um vestido tão amarelo quanto o sol. é o tipo de coisa que minha sobrinha faz quando está entediada.

"oi."

sou meio rude, mas ela não percebe, dando a volta pela minha frente e se sentando ao meu lado.

mesmo com os olhos fechados, sinto o olhar em mim. respiro fundo, incomoda um pouco.

"está perdida?"

obtenho uma risada fraca, vejo metade do seu rosto por causa do meu olho fechado e seu cabelo longo.

"perdão pelos modos, senhor, mas creio conhecer esse lugar melhor que você."

admiro suas palavras, devia ser de alguma família nobre por tão boa educação.

"oh, eu que peço perdão então."

sorrio, me sentando direito, e a olhando atentamente agora.

não se parecia com uma menina da cidade, e nem com alguma do campo, era como uma mistura instigante eu diria.

"então, o que faz sozinha num lugar assim?"

"calmo?"

"vazio. pode ser perigoso..."

"para uma garota tão jovem. sei."

mais nada a dizer, ela estaria acostumada a dizeres do mesmo, o que não é novo por aqui. homens estão sempre dizendo sobre o perigo, enquanto eles mesmo os representa.

"pode tomar conta de si sozinha."

é uma afirmação, mas ela assente, empurrando o cabelo para trás, e deixando a luz do sol bater no rosto todo.

"você tem um pretendente?"

lentamente, a sombra ocupa seu pescoço, e não consigo compreender a feição que recebo.

"não, senhor, eu não tenho interesse em nenhum rapaz."

poderia ser mais bobo suas palavras formais combinarem tanto com seus joelhos de fora e pernas deliberadamente cruzadas?

engulo a saliva, coloco os cotovelos por cima do joelho e junto as mãos.

"reformulando, você está comprometida?"

era mais difícil falar com ela do que com um ancião de cargo, ela analisava o que ouvia e o que dizia mais rápido que um lampejo de luz.

"sim."

a bolha estourou-se.

o sorriso mal montado e sustentado não está mais em seus lábios, ela continua adorável e chamativa de qualquer maneira.

"sinto muito."

"isso me ajudaria mais se eu estivesse a beira da morte."

me preocupo de imediato, mas a loira só me olha com um brilho nos olhos, como se eles só estivessem ali por esse momento final ainda não ter chego.

mesmo que esse ainda fosse tão repentino para a maioria.

o silêncio de vozes humanas predominou depois disso. não foi problema para ela, assim como não foi para mim.

houve momentos em que tive um escape nos cantos dos olhos e a vi, deitada, com uma joaninha num dos dedos indicadores, fazendo sombra para o inseto.

sorri e, vagarosamente, sem que ela percebesse, me deitei.

notei que ela falava com a bolinha vermelha em sua mão, e quando dei pela falta da voz, a menina já estava a  passos longe de mim.

"a propósito, meu nome é angel."

ela diz sem olhar para trás, partindo para o lado contrário ao meu, levando consigo a joaninha, e a luz do sol no cabelo, vestido, olhos e sorriso.

•••

já tá crushada k adoro

obrigada por ler anjinhos 💓💓💓

angel ۩ hes {concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora