XXXII - O baile

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Nunca passou pela minha cabeça estar por trás das cortinas, mas aparentemente para tudo na vida existe uma primeira vez. Enquanto todos os outros alunos exibiam suas roupas maravilhosas na maior noite do ano, pela qual todos esperamos, eu estava escondida nos bastidores esperando o momento certo.

Dali, não era difícil ver quem eu queria. Sam, Eva e Cindy estavam estrategicamente espalhados pelo baile, o que era confuso, já que os três eram os acompanhantes uns dos outros. Enquanto as meninas circulavam elegantemente pelo salão, Sam já estava no terceiro copo de ponche, parado ao lado dos controles da luz. 

Infelizmente, também precisei ver quem eu não queria tanto assim. Kate e Brad estavam bem perto do palco, abraçados, olhando um nos olhos do outro como se pudessem enxergar suas almas.

Não era a paixão deles que me incomodava, muito pelo contrário. Os dois eram responsáveis por me enfiarem em uma história louca de paixão repentina que, ao mesmo tempo que me fez acender até a alma, me fez apagar feito um vaga-lume fracassado. Subi feito um foguete e caí como um saco de batatas. 

Não só isso, mas eles quase me privaram de voltar para casa. Se... Se eu não ouvisse a conversa de Adam com Kate no telefone, se Sam e Owen não conseguissem se comunicar... Talvez eu nunca voltasse para casa.

Ou Adam estava falando a verdade? E se ele realmente estivesse arrependido e fosse me contar? Se eu tivesse escutado...

Não. Eu não podia ficar me torturando com coisas como "e se" ou "talvez se eu...". E se nada, talvez nada. Tudo que eu precisava era esquecer o romance com Adam e seguir minha vida.

— Curtindo seu baile de formatura? — Alguém perguntou.

Olhei por cima do ombro. Trevor e Nicholas sorriram ao mesmo tempo, com uma sincronia absurdamente perfeita. Talvez Nicholas não fosse um foragido da Interpol, e na verdade ele e Trevor fossem experimentos do Governo dos Estados Unidos.

— Não sei. — Fui sincera. — Acho que só ficar olhando não é tão divertido.

— Mas seu plano vai compensar, certo? 

— E vê pelo lado bom. — Nicholas interveio. — Pelo menos não fugiu do baile para encontrar sua namorada universitária e acabou levando um pé na bunda.

Ergui as sobrancelhas. Praticamente eu tinha, sim, levado um pé na bunda. Foi meio discreto, ficou nas entrelinhas, mas Brad me descartou como um doce velho. E agora, só agora, eu ia poder dar o troco. Com todo o estilo, classe e força de um Marshall. 

— Isso aconteceu com você? — Perguntei.

— Não, foi com ele. — Nicholas apontou para Trevor. — Eu quebrei o pé tentando alcançar a garota para jogar ponche nela.

Me senti mal em encontrar dificuldades para segurar a risada. Levar um pé na bunda e quebrar o pé não eram acontecimentos lá muito agradáveis, mas eles acabavam tornando a história engraçada.

— Não foi o ponto alto da nossa carreira. — Trevor me direcionou um sorriso envergonhado. Franzi a testa, observando seu rosto. — Mas hoje é engraçado. 

Nicholas fez um barulho engraçado, como se zombasse da resposta de Trevor. Quando olhamos para ele, Nicholas ergueu as mãos como se estivesse se rendendo.

Nós três observamos o diretor Burns subir ao palco, segurando dois cartões, provavelmente preenchidos com as frases que ele sabia que ia esquecer assim que se aproximasse do microfone. Todas as manhãs se tornavam milagrosas quando ele se lembrava de passar os recados aos alunos. 

O diretor ergueu a mão, pedindo o silêncio dos alunos e a música suave que preenchia o salão também parou imediatamente. Satisfeito com o resultado, ele sorriu para os alunos, erguendo os olhos para encarar a todos.

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