XVII - Emma Roberts

164 23 4
                                    


Emma estava segurando a bebê com um braço, enquanto com o outro cozinhava o que quer que fosse que ela estivesse fazendo. Algo meio amarelo e laranja, mas que provavelmente devia agradar Emma.

Os olhos de Emma brilharam quando ela me viu. Não que eu fosse uma pop star ou algo assim, mas ficou muito claro que ela queria alguém para segurar Alyssa assim que botou os olhos em mim.

— Vênus, era você que eu queria! —ela exclamou, alegre. — Pode segurar a Alyssa para mim? Pode, né? Você é um amor e...

Não ouvi o final da frase, porque Emma já havia enfiado Alyssa em meu colo, atitude que me causou um pânico incalculável. Nunca antes eu havia segurado um bebê no colo, nem sequer crianças com idade entre 3 e 4 anos. Ou seja, a partir do momento que a bebê se mexeu, o pânico se agitou dentro de mim.

— Eu ouvi que você e Adam resgataram o filho da Val. — Emma comentou, voltando a mexer a panela com uma colher. — Sabe, eu teria jogado aquele menino no lago. Ele é uma peste.

Não precisa ser nenhum gênio da matemática para concluir que eu ainda estava em pânico. Olhava para Alyssa, com os olhos arregalados e ela também me olhava, piscando lentamente, como se dissesse "pare de ser medrosa, sua trouxa, você tem dezessete anos".

Fácil falar, Alyssa, você é um bebê.

— Vênus? — Emma chamou e eu ergui a cabeça. — Eu sei que seu nome é um planeta, mas acho que sair da Terra não é uma boa ideia.

Sorri fraco e neguei com a cabeça. Com uma mão, puxei uma cadeira e sentei-me. Ainda hesitante, afaguei as costas de Alyssa. Eu queria falar com Emma sobre o que havia acontecido no lago, mas ainda não estava pronta.

Então eu precisava distraí-la.

— Emma, eu posso te fazer uma pergunta? — falei. Emma afirmou com a cabeça, então perguntei: — Como você veio parar aqui em Everwood?

Achei que Emma não fosse responder. Ela parou de repente e, ainda de costas, desligou o fogo. Devagar, ela se virou para mim, apoiando as mãos sobre a pia, de forma que a fez parecer muito mais séria do que o normal.

— Olha, foi na mesma época que o Jordan. Nós viemos juntos, na verdade. — ela explicou. — Eu conheci o Jordan muito novinha, sabe? Nunca tive nenhum tipo de conversa importante em casa.

— Como assim? — perguntei, franzindo a testa.

— Qualquer coisa, Vee. — Emma disse, dando de ombros. — Meus pais não me davam nenhuma atenção. Tudo, absolutamente tudo que eu conheci, foi fora de casa. Meus... Se é que eu posso chamar de amigos, aquela gente que eu conhecia me ensinou tudo. Do pior jeito.

Quando contei aos meus pais que estava namorando com Brad, minha mãe sentou na ponta da minha cama, em uma das raras noites em que ela tinha tempo e me falou tudo que ela achava que eu devia saber. E, bem, por mais que minha mãe seja meio obcecada pelo trabalho, falta de informação nunca foi o problema.

— Na escola, os professores já tinham desistido de mim e as pessoas que eu chamava de amigos estavam zombando de mim. — Emma disse, após um longo suspiro. — E então, o Jordan chegou. Você deve imaginar a loucura que foi quando ele chegou na escola.

— Imagino. — concordei, franzindo a testa.

Emma ergueu uma das sobrancelhas em minha direção. Revirando os olhos, voltou a contar a história:

— Jordan foi meu primeiro amigo de verdade. Não que eu não tivesse uma pequena porcentagem de interesse na boca dele, mas todo mundo que falava com ele queria alguma coisa. — franzindo a testa, Emma disse: — Os pais dele são ricos, mas, mesmo assim, meus pais não gostavam dele. E... Por um motivo tão nojento, Vee.

Quero voltar para casa Onde histórias criam vida. Descubra agora