Estava no sofá da sala abraçando uma almofada, com fones e música no máximo. As sirenes dos carros de polícia que chegavam na frente de casa fizeram com que mamãe – que já estava mais que agoniada – ficasse mais desesperada. A situação era a seguinte: nosso restaurante fora roubado, inclusive o dinheiro do cofre e muitos pertences. Imaginei como ficaríamos depois desse surto. O que mamãe faria? Aquilo também me incomodava.
Belmont ligava a cada dez minutos, e nisso havia mais de vinte ligações suas. Marshall mandou algumas mensagens e Sarah perguntava como estava, onde estava, com quem estava. Sarah, você é muito paranoica, amiga¸ pensei comigo mesma. Os policiais tentavam acalmar dona Emy, dizendo que fariam de tudo para recuperar nosso dinheiro e nossas coisas roubadas. Para eles parecia simples, mas aquilo era a vida da minha mãe todinha.
Aquele sonho de abrir um restaurante nasceu assim que mamãe se casou. Dissera que seu marido – meu pai – queria ser um grande confeiteiro, e ela levou bem a sério. Eles ralaram duro para montar tudo isso e não conseguia ver a dona Emy sem colocar, literalmente, a mão na massa. Assim que papai morreu, mamãe pensou muitas vezes em desitir de tudo, mas ela sabia que ele não quereria isso, então prosseguiu sozinha. Não era uma das melhores histórias de amor que já tivera, mas era mais que isso.
— Lizzie — mamãe chamou minha atenção — está tudo bem, meu anjo? — Sentou ao meu lado e me puxou em um abraço.
— Eu que pergunto — dei uma risada fraca, mas ela não respondeu.
Toda aquela cambada de policiais já tinha ido embora, e agora éramos Emy e eu a tarde inteira até a noite assistindo filmes. Mais tarde ela preparou lanches e por fim fomos dormir. Deitei na cama e comecei a olhar as notificações. Muitas mensagens de muita gente. Olhar aquilo me deixava sem ânimo algum para responde-los. Dei uma olhada no grupo do RPG e todos pareciam bem ocupados já que hoje era sexta-feira e provavelmente estariam fazendo uma campanha. Era um pessoal legal. Alguns de estados diferentes e outros amigos que já tinha visto, mas há muito tempo.
Acordei em um susto, olhando pela janela e vendo que era de manhã. Novamente havia pegado no sono sem perceber. Estava com a mesma roupa de ontem e quase que com cabelo afro. Tomei um banho rápido e desci para tomar café. Tinha um papel azul no quadro de avisos ao lado da geladeira que nele dizia: "Tive que sair cedo. Deixei ovos e bacon prontos em cima do fogão. O suco está na geladeira. Xx Mamãe." Respirei fundo. Estava sozinha em casa, quando ouvi batidas na porta e logo fui atender.
— Bell? — Abri a porta e o convidei para entrar.
— Você não via as mensagens, resolvi vir atrás de você — cruzou os braços um pouco irritado.
— Desculpe, aconteceram umas coisas.
— É comigo também. Por algum motivo Marshall se declarou para mim e não acaba por aí não! — Andou rápido até o sofá e mergulhou de cara nas almofadas — eu gosto de outra pessoa.
Fiquei em choque. Em anos de amizade, desde o primário, nunca pensei que isso aconteceria. Marshall se declarando para Belmont, para mim parecia o fim do mundo. Mantive a calma e olhei o celular. Havia mensagens de Marshall. "URGENTE", estava escrito em uma delas. Aquilo não poderia estar acontecendo, não agora.
— Ele mandou mensagem, né? — Sua voz saiu abafada.
— Ele... eu... ah, Belmont, resolva isso! — Joguei o celular em cima da poltrona ao lado. Ele se levantou e segurou firmemente em meus braços, olhando diretamente para mim.
— Não dá para resolver quando a menina que eu gosto, é você — terminou.
— NEM BRINCA COM UMA COISA DESSAS! — Dei um salto para trás. O coração disparou, tropeçou, mas não parou, porque senão eu estaria morta agora.
— Não estou. — Falou sério — ver você de novo era o momento que eu mais esperava. Não dá para segurar o que eu sinto aqui — pôs a mão por cima do peito.
Meu celular tocou. Soltei-me de suas mãos e fui checar. Era Marshall. Olhei para Belmont e o mesmo acenava a cabeça de um lago para o outro dizendo um "não", mas sem sair voz. Olhei suas mensagens rapidamente, todas falando sobre uma grande merda que havia feito.
— Que situação, meu amigo — suspirei para Belmont que se jogara novamente no sofá.
Ouvimos batidas na porta e uma ligação de Marshall novamente que, dessa vez, eu atendi.
— Lizzie! Abre aqui por favor! — Pediu em desespero.
Belmont olhou para mim e eu olhei para ele. Sua única reação fora correr escada acima enquanto eu segurava a porta. Olhei pelo olho da porta um Marshall agoniado dando batidas sem parar. Respirei fundo, recompus-me e abri. Marshall voou em cima de mim e começou a dizer muitas coisas ao mesmo tempo. Pedi-lhe que tivesse calma, já que o mesmo estava quase a chorar.
— Certo, com calma me diz o que aconteceu — fiz com que Marshall sentasse ao meu lado.
— Eu não sei o que deu em mim. Eu o beijei, depois pedi desculpa, depois ele me beijou e disse que ficamos quites, E AGORA NÃO SEI O QUE FAZER. — Marshall tremia e surtava cada vez mais. — Mas isso não é nada, certo? Oh céus, o clima entre nós vai ficar cada vez pior! Lizzie, o que eu faço? — Pôs sua cabeça em meu colo, choramingando, enquanto abraçava uma almofada.
Pelo o que havia entendido, os dois estavam na casa dele fazendo um trabalho. Belmont entrou em um assunto delicado que fez com que Marshall confessasse nunca ter beijado. Os dois então começaram a trocar olhares e se beijaram, porém Belmont ficara com muita vergonha depois e foi embora.
Sim, isso com certeza era muita informação para mim. Mesmo ainda me acostumando com a volta dos dois, aquilo passou a ser um dos – que chamara agora – "Os grandes questionamentos da minha vida". Dava para escrever sobre isso com certeza. A cada explicação enrolada que Marshall tentava dar mais eu ficava impressionada com a quantidade de sentimentos que o mesmo expressava, perguntando-me se um dia experimentaria tais sensações.
-xXx-
Notas finais:
I'M BACK! É muita audácia brotar do nada com um capítulo desses? Talvez. Satisfações? Hm, eu só fiquei com um bloqueio criativo fodid..., espero que tenham gostado e desculpem os erros, eu tô com sono.
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Pétalas
Dla nastolatków- Capa feita por mim Com muita emoção, aqui estou eu reescrevendo, eeee! Vamos louvar! Voltei com Pétalas 2.0, que basicamente passou por algumas breves modificações.... Espero que aproveitem a nova versão (que agora é uma nova merda mas dessa vez e...