Capítulo sete

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Melhor de cinco, foi o que nos disseram. Não era nada profissional. Eles só queriam ver como estava o nosso físico, mas lá estávamos nós com aquelas roupas abafadas e cheia de sensores. Molly foi repreendida por um orientador que estava próximo de nós duas pois ela havia começado a me golpear com sua espada antes mesmo das orientações.

Basicamente, o treinador nos dava o golpe, e tínhamos que executá-lo com sucesso. Quem obtivesse mais acertos, estaria na primeira classe de esgrimistas. O diretor achava que pondo os esgrimistas no estilo misto não traria e nem tiraria vantagens para nós em qualquer tipo de luta. A seleção em si seria de masculino e feminino separado, mas as classes seriam mistas com dez alunos sendo cinco meninas e cinco meninos.

Molly e eu estávamos finalmente empatadas depois de muitos toques dados ao mesmo tempo. Eu conseguia ouvir sua respiração ofegante de longe e sentia seus olhos fixos em mim. Faltavam exatos cinquenta segundos para acabar o teste, quando Molly tinha vacilado. Seus pés estavam mal posicionados, fazendo com que eu pudesse investir sobre ela. A ruiva recuou tão rápido que caiu no chão. Afastei-me esperando que ela se levantasse. Novamente fiz uma marcha, atacando e recuando, quando finalmente...

Um toque. Ou melhor, dois toques "ao mesmo tempo".

O tempo tinha acabado e não sabíamos quem tinha ganhado.

- Guarda de oitava! - O orientador gritou. O diretor se aproximou de nós e olhou diretamente para o homem que segurava um papel. - A oponente não flexionou corretamente as pernas e levou o golpe final.

- Mas foram dois toques ao mesmo tempo! - Molly questionou.

- Não, senhorita. Uma espada foi mais rápida e sinto lhe dizer... mas não foi a sua. - Ele deu um sorriso forçado e voltou a fazer as anotações. - E digo mais, o sensor na sua roupa, né? Ou quer que eu te explique?

Molly olhava incrêdula para o orientador e com ódio para mim, que fazia questão de olhar para ela com a melhor cara que eu tinha: a de coitadinha.

- Hm... - O diretor olhou para mim e sorriu. - Bem-vinda a primeira classe de esgrimistas.

***

Um grupo de meninas se aproximava de mim freneticamente enquanto voltava para o vestuário. Elas me cercavam por todos os lados e faziam muitas perguntas, elogios e gritavam animadamente. Todas pareciam ser mais novas e claro, iniciantes. Algumas delas faziam perguntas sobre de onde eu tirava todo o meu potencial, se eu tinha alguma motivação, se a minha motivação vinha para impressionar alguém e etc. No momento a minha maior motivação era entrar na primeira classe, e agora, eu teria que buscar outra motivação para continuar.

- Se tivesse lutado comigo, teria perdido - As meninas pararam de falar e assim com eu, olharam para trás.

Eu sorri para ele, e também fui retribuída com outro sorriso. As meninas olhavam para mim e para ele ao mesmo tempo. Começaram a dar risadinhas e cochichos e logo depois foram embora.

- De onde você tirou tanto convencimento? - Cruzei os breços e sorri.

- Se eu não te conhecesse tão bem, senhorita - Belmont chegou mais perto, segurando uma mecha do meu cabelo e cheirando, olhando diretamente em meus olhos. - Não poderia dizer agora que deixei você bem desconfortável.

Era verdade.

- Você acha? - Continuei olhando firme para ele, mas nada disso iria adiantar. Ele me conhecia muito bem.

- Eu tenho certeza. - Sorriu e bagunçou meu cabelo, afastando-se. - Eu vou voltar para fazer o teste, espere-me na primeira classe - piscou e foi embora, deixando-me sonhadora e pensativa em frente ao vestuário.

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