Isto não poderia estar mesmo a acontecer, não poderia mesmo. Ele olha para mim com aqueles olhos azuis clarinhos e eu estou mesmo a dormir, pela primeira vez na vida este era o sonho menos assustador que tinha desde a nossa separação.
" - Kate acorda, kate acorda, acorda - eu sinto um abanão e em pouco tempo estou no chão, que violência. Só quando abro os olhos é que vejo o meu irmão e percebo que estou no meu quarto. - Estavas a gritar como se não houvesse amanhã. - e as lágrimas aparecem nos meus olhos e ele dá-me um abraço do tamanho do mundo.
Mais um pesadelo, desta vez foi mais forte e intenso do que os outros. Ele tinha-me esfaqueado. Está mesmo a doer-me imenso a cabeça e eu estou tão partida. É como se um camião me tivesse atropelado.
- Queres que eu fique aqui até adormeceres. - tudo o que consigo fazer é acenar com a cabeça afirmativamente. E ele fica ali."
- Então, não me vais responder? - eu estava apenas perdida nos seus olhos e nos meus pensamentos quando percebi que uma lágrima tinha-me caído do olhos, eu conseguia ver a felicidade que perdi ao perde-lo, eu amava-o tanto e doía tanto saber que ele estava ali e ao mesmo tempo já não estava comigo. Com a sua mão lisa e suave faz com que os seus dedos limpem a lágrima que me caio e de repente parece que o mundo parou, ficamos apenas a olhar um para o outro como antigamente. Como é que se pode amar alguém que nos fez tanto mal? As nossas caras estão cada vez mais juntas e eu estou tão confusa.
- Thomas, o que estás a fazer com essa falhada. - e lá se foi o sonho, isto era mesmo a vida real, a víbura da Anabela, para não lhe chamar coisas piores, estava obviamente a reclamar o que era dela. Ele olha mais uma vez para mim e depois para ela - Estava só a dizer a ela não se aproximar de mim - que facada, eu, eu...
Ele sai da minha frente e vai ter com a Anabela e dá-lhe um beijo e apalpa-lhe o rabo e eu fico de boca aberta. Não me estou a sentir nada bem, o que é que se acabou de passar que eu não percebi. As lágrimas ameaçam outra vez sair dos meus olhos e eu saio rapidamente daquele lugar e corro para a saída da escola. O porteiro decidiu implicar comigo mas eu deixei-o a falar sozinho, corro o mais rápido que posso para casa. Os meus olhos estão novamente a largar água e eu não os consigo controlar. Estúpida, estúpida, estúpida...
Chego á porta de minha casa e tento procurar as chaves na mochila mas o problema é que eu não consigo ver nada. A porta magicamente abre-se e aparece a figura do meu irmão. Entro dentro de casa e sento-me no sofá, encontro um lenço na mala e limpo algumas das lágrimas de forma a ver melhor. O meu irmão está de braços cruzados e pelos vistos muito zangado, ele não deveria de estar em casa a estas horas, o que se passará.
- O diretor ligou-me e disse-me que tu tinhas andado a atirar papéis na sala para a sua cara, tens alguma coisa a dizer em tua defesa. - eu tinha de me defender mas a minha voz estava completamente perra, não me saía nada - Kate sabes por acaso o que fizeste, eu perdi o meu emprego porque atendi o telefone que por acaso era a chamada do diretor da escola.
- Desculpa - não me censurem mas naquele momento era a única coisa que eu consegui dizer. Peguei na mochila e subi as escadas para ir para o meu quarto - A conversa ainda não acabou Kate - eu corri e cheguei finalmente ao porto seguro, fechei a porta á chave, atirei a mochila para um canto e deitei-me na cama a fazer o que ultimamente era normal, chorar.
O mundo está completamente a cair em cima da mim. O que se passa com as pessoas, eu apenas tentei fazer o meu melhor e acabei por estragar a minha vida, e tudo porque me apaixonei pela pessoa errada.
Se me perguntarem o que se passou comigo hoje provavelmente não serei capaz de responder a essa questão. Eu fiquei calada enquanto ele me domava e depois quando não precisou de mim desprezou-me e eu nem fui capaz de lhe dizer uma palavra, ele mandou em mim e eu calei o piu. Fogo, definitivamente eu não sou assim, o que se passou?.
" - Podes passar o verão em minha casa se quiseres. - o convite dele fascinou-me. O seu olhar prende toda aminha atenção, eu fico tão fixada naquele oceano azul que até me esqueço que já eram horas de estar em casa. Os meus pais ainda vão descobrir, não são capaz de lhes contar do Thomas. Dou-lhe um beijo rápido e pego na mochila apressada.
Ele não me larga o braço, eu não queria ter de ir embora. Por favor tempo parado um bocadinho. Eu quero estar com ele eternamente.
- Não me respondeste á minha pergunta. - eu sei disso.
- Claro que quero. - ele beija-me mais uma vez e as nossas línguas dançam em redor uma da outra, como se o mundo fosse um palco e nós fossemos os atores."
Por vezes o mundo é tão injusto que chega mesmo a doer viver, eu sinceramente não percebo a merda toda que passa pela minha vida.
As lágrimas não deixavam de cair e eu não deixava de sentir a dor que me inundava a alma, tudo á minha volta parecia já não ter sentido, eu não pensar em nada que não me despertasse uma dor aguda no meu corpo, eu estava destroçada.
Oiço inúmeras vezes alguém bater á porta e a voz do meu irmão a gritar comigo para eu abrir a porta e para falar com ele mas eu já não me conseguia mexer nem me levantar e não demorou muito tempo até eu cair num sono profundo.
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Me & You
Ficțiune adolescențiA dor mais profunda que sinto é quando sei que tu me magoaste, poderiam ser todas as pessoas mas tu eras a que eu menos imaginaria ser possível acontecer, e é por isso que o meu coração está cheio de pedaços, como uma espécie de puzzle mas onde nenh...