04. Praia d'el Sol

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O sol finalmente se encontrou com o mar naquele final de tarde extraordinário. Parecia tudo perfeito para o indivíduo que observava a paisagem, tudo aquilo estava em harmonia; o som do mar, a areia em seus pés e o sol que se despedia no horizonte.

Presenciar aquilo tudo era magnífico para ele, mas algo lhe incomodava. Uma coisa mínima estava lhe incomodando, o que poderia ser ? Será que era a forma como a areia invadia suas roupas sem permissão ou era o vento que bagunçava seus cabelos, antes arrumados ? Não, não era nada disso.

Talvez fosse a solidão, mas sempre foi só, isso nunca havia lhe incomodado. As pessoas geralmente lhe deixavam tristonho ou indiferente, ninguém o fizera realmente sorrir.

Agora, a lua se fez presente naquele céu estrelado, era hora de partir. Não queria passar a noite na estrada, como aconteceu semana passada. O indivíduo pôs-se a caminhar pela rua meio deserta, com pouca luz. Isso não o incomodava, tinha bastante tempo para refletir ou para contar as pedras que achava no caminho.

Um dia essa rotina mudou, quando chegou na pequena praia em que sempre admirava o sol se pôr, havia homens de ternos falando no celular o tempo inteiro. Tudo bem, estavam do outro lado da rua, mas algo lhe dizia que perderia aquilo que sempre admirou.

Dito e feito, na semana seguinte, iniciou-se a construção de um edifício, provavelmente de luxo. Aquilo entristecia o jovem, estava perdendo seu recesso de paz, onde esquecia todos os problemas e apreciava os últimos raios de luz. E os dias seguintes passaram-se assim, ele sempre chegava quando os operários iam embora. Meses depois, o edifício estava completo, já havia pessoas se mudando para lá.

O garoto estava aborrecido, as luzes do lugar não lhe deixava contar as estrelas quando se sentia disposto para isso. Tinha outros jovens naquele lugar agora, mas ele não gostava de se aproximar daqueles lhe tiraram a paz. Um dia se pegou chorando, mas era só uma praia, sua praia. Existia outras por aí, mas aquela, em especial, era sua favorita.

Tentaram fazer amizade com ele esses dias, mas ele disse que estava atrasado e saiu correndo. No dia seguinte não se sentiu seguro para voltar lá, resolveu ficar em seu quarto. Não se sentiu seguro para testar novas amizades.

Na semana seguinte uma imensa alegria lhe invadiu, voltou a frequentar sua tão amada praia -- agora apelidada Praia d'el Sol pelos moradores --, mesmo que a iluminação lhe atrapalhasse a vista.

Estava alegre, carregava um sorriso sereno no rosto. Não era tão ruim, fizera até um amigo que às vezes ficava ali consigo apreciando aquela beleza. Afinal, nem tudo vem para atrapalhar. E o rapaz entendeu isto, agora compartilhava seu recesso de paz com outras pessoas.

E mais uma vez o sol se encontrou com o mar, desta vez nada lhe incomodou; nem mesmo a areia ou o vento, estava em paz novamente.

~ tururu ~

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