Capítulo 4 - "Você não disse que queria jambo?"

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A conversa entre Rony e Cris foi interrompida quando o portão da casa abriu de repente. Era Margarete chegando com uma sacola de verduras e um frango, para o almoço. O policial se deu conta da hora e lembrou que Lisboa o esperava para as diligências do dia. Mas não poderia sair dali sem explicar o que havia acontecido com a filha da dona da casa.

– O que foi isso, Cris?

– Calma, mãe. Está tudo bem. Foi só uma queda da moto.

– Meu Deus!!!

– Calma, dona Margarete, está tudo bem. Não houve fraturas, apenas arranhões. Eu tenho que ir porque vou trabalhar. Mas mais tarde trago a sua moto, ok Cris?

– Ok. Obrigada mais uma vez.

– Por nada. Tchau. Até mais, dona Margarete!

A mãe de Cris abriu meio sorriso para Rony e ergueu levemente o braço para se despedir do investigador. A morena de olhar sedutor pode até não ter percebido ainda, mas o policial não escondia o brilho nos olhos quando se portava a ela.

Mais experiente e com a infalível suspeição de mãe, Margarete achou estranho a presença de Rony sentado em sua garagem, tomando suco ao lado daquele par de pernas espremidas em um palmo de jeans:

– O que esse rapaz veio fazer aqui?

– Ele me socorreu quando eu caí de moto, mãe. E me trouxe pra casa. A moto está lá, quebrada. Ele vai trazê-la depois.

– E ele viu na hora em que você caiu? Como foi isso? Foi em frente à delegacia?

– Não, eu já havia saído da delegacia. Foi mais distante. Coincidentemente, ele também vinha passando no local e me ajudou. Só isso.

– 'Coincidentemente' é?... Sei...

As suspeitas de Margarete se dividiam entre um possível interesse amoroso de Rony por sua filha, ou uma tentativa de aproximação com a menina apenas para tentar arrancar informações que pudessem esclarecer a morte de Sandoval. A viúva não queria envolver Cris nessa história, temendo eventuais complicações futuras.

– Vocês conversaram sobre o quê?

– Ah, um monte de coisa, mãe.

– Que coisa?

– Eu perguntei se eles já tinham informações sobre a morte de papai, e ele diss...

– Elaine Cristina, eu não quero você envolvida nisso! Isso fica para a polícia resolver. Você não tem nada que ficar atrás disso.

– Eu sei, apenas perguntei porque o assunto me interessa. Foi meu PAI que mataram, lembra?

– Lembro sim. Mas deixe que a polícia resolva.

Margarete entrou com as sacolas para preparar o almoço. Cris ficou sentada na cadeira, tomando no copo usado por Rony o suco que sobrou na jarra. Ela olhava os jambos caídos no chão, na grande sombra que o jambeiro projetava sobre quase todo o jardim da casa.

Meio que sem intenção nenhuma, Cris resgatava na memória os momentos que estava sendo levada nos braços por Rony, da cadeira emprestada durante o socorro no acidente até a viatura do policial.

Como que numa sintonia de pensamentos, Rony, já na metade do caminho de volta à delegacia, não tirava da cabeça cada instante em que esteve ao lado de Cris. O depoimento na sala da delegacia, a caminhada até o estacionamento, a 'perseguição' forjada à moça, a hora da queda da moto, o socorro, a carona até em casa, o suco, os quase 70% dos seios à mostra no vacilo que a menina deu ao se baixar com a jarra... Um filme se passava no mundo imaginário do investigador, com intermináveis acionamentos no replay.

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⏰ Última atualização: May 08, 2018 ⏰

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