Se nesse momento eu fosse uma música, com toda certeza seria The Sound Of Silence – aquela com o famigerado trecho "Hello darkness my old friend". Já que se encaixa perfeitamente na minha situação atual.
E se o que eu sentia agora fosse filme, seria o do Lanterna Verde com o Ryan Reynolds – por mais que eu idolatre o ator, não consigo aturar o filme –, que todos fingem que não existe para não precisar sofrer lembrando do quão ruim foi.
Eu poderia citar inúmeras outras referências sobre a minha situação. Mas isso renderia um grande momento de uma pausa reflexiva. E eu estava desanimado demais para isso.
- Pelo menos eles não brigaram, né? – Nathaniel forçou uma risada e eu suspirei olhando para baixo.
- Diz logo o "Eu te avisei". – falei mal-humorado.
- Sinceramente, eu gostaria muito de dizer, mas não acho que você precise disso agora. – meu amigo colocou a mão no meu ombro.
- Acho que na minha vida passada eu fui um balde, porque não é possível eu ir e voltar do fundo do poço tantas vezes. – ele riu.
- Fica calmo, eles podem estar apenas se divertindo. Como as pessoas geralmente fazem em um fliperama.
- Não, cansei disso. Já perdi as esperanças e aprendi a lição. De agora em diante vou seguir todos os seus conselhos.
- Você não pode fazer isso.
- Como assim? – Nathaniel suspirou e me puxou para sentar em um banco que tinha ali perto.
- Olha, eu sou seu amigo e tudo, mas eu não entendo o que sente pela Marinette.
- Mas eu já te disse que eu...
- Saber é diferente de entender. – fiz uma careta de confusão – O que eu quero dizer é que eu posso dizer inúmeras coisas sobre como você deve agir, o que deve fazer e mais, no entanto, eu não entendo como você se sente ao ver a Marinette sorrir, ou quando ela fala com você. Então eu não tenho como dizer como você deve agir, porque só você pode fazer isso. Não existe roteiro.
- Eu entendi o que você quis dizer, mas tudo que eu tenho feito até agora deu errado. Eu faço tudo errado! – admiti derrotado, dando um suspiro profundo.
- Seres humanos e sua mania de complicar tudo! – Nathaniel disse, arrancando uma risada de mim.
- Sempre soube que você era um alienígena! – nós dois rimos.
- Voltando ao assunto, eu vou te dar um conselho.
- Ué, mas você não disse que eu não podia seguir seus conselhos?
- Em relação ao que você sente pela Marinette, esse não é sobre isso. Quer me acompanhar aqui? – ele gesticulou e eu ri novamente.
- Tá, fala logo! – revirei os olhos.
- Lembra que eu falei sobre equilibrar as coisas? – assenti – Pois bem, não adianta você fazer inúmeros esforços para agradar alguém, mas não fazer nada por você. As pessoas dizem que egoísmo é algo ruim, mas às vezes você precisa se ajudar primeiro antes de ajudar alguém.
- O que você quer dizer exatamente?
- Que nesses últimos dias você fez tanta coisa para agradar as pessoas à sua volta, mas já parou para fazer algo para si mesmo? Tipo sair com alguém sem ter a necessidade de agradá-lo? – suspirei derrotado. Era verdade. – Olha em volta, vocês tá deprimido em um fliperama! Isso é surreal! – dei uma risada.
- O que eu faço então?
- Esquece eles! Vamos jogar alguma coisa e se vierem te procurar, vocês conversam, se não, poupe a si mesmo e se dê uma folga dessa rotina exaustiva!
Levantamos do banco e eu estufei meu peito, me sentindo mais determinado após aquele discurso motivacional.
- Nathaniel, você é o melhor amigo que alguém poderia ter. Se tiver algo que eu possa fazer para retribuir...
- Chat, melhores amigos não cobram favores. Mas eu não ia negar aquela camiseta do Capitão América. Acha que eu esqueci? – ri novamente, me sentindo mais revigorado e tendo a certeza que por mais que Nathaniel me cobrasse camisetas, ele era o melhor amigo que eu poderia ter.
E novamente eu fui ao fundo do poço e voltei, como um balde.
***
Acabou que Marinette e Adrien nos encontraram na hora de ir embora. Então nós quatro nos despedimos e fomos para casa – eu e Marinette juntos, já que ela estava hospedada na minha casa.
- Então, você se divertiu hoje? – perguntei puxando assunto.
- Sim. O Adrien foi bem legal. Acontece que ele não é tão babaca assim. – nós rimos. E pela primeira vez, eu estava tranquilo quanto ao assunto.
- Que bom que vocês se deram bem. Ele é uma pessoa legal, só agia meio estranho porque não tinha muitos amigos, então acabava não sabendo direito como lidar.
- Entendi. Bem, o pai dele não ajuda muito o proibindo de sair quase sempre.
- Tem razão. – concordei e voltei a ficar calado, o que era um evento raro.
- Mas então, pensei que quando chegarmos na sua casa, você poderia me contar sobre o filme. Eu gostei bastante, mas não entendi muito bem.
- Você não viu o um? – ela negou com a cabeça e eu ri. – Acho que eu devia ter perguntado isso antes. – admiti. De fato eu estava tão focado em fazer o plano dar certo e meio inseguro pensando no que poderia dar certo, que nem sequer me preocupei em Marinette aproveitar o filme.
- Pelo menos foi um bom filme. – disse ela, dando um sorriso reconfortante.
- Podemos fazer melhor. Que tal a gente assistir o primeiro e depois você faz as perguntas que quiser?
- Pode ser, mas como vamos assistir?
- Eu tenho.
- Eba! – Marinette comemorou e eu não pude deixar de deixar escapar um risinho. – Faremos isso então. – E assim fomos conversando durante o caminho.
Me sentia muito mais leve comigo mesmo. A conversa que tive com Nathaniel foi bem esclarecedora, e ao contrário das outras vezes que eu escutava tudo o que ele dizia e fazia as coisas ao contrário, dessa vez as palavras dele finalmente entraram na minha mente.
A verdade é que eu não fazia ideia de que um dia eu consiga ter algo com Marinette. Mas chega de forçar isso. Porque se um dia acontecer, vai acontecer normalmente e eu não precisarei pagar vários micos como tenho pago.
E sobre Adrien, ele foi legal comigo e eu com ele. Então não preciso ficar me preocupando em conduzir a nossa amizade. Assim como o que pretendo ter com Marinette, vai acontecer normalmente.
Era tudo questão de tempo.
Ou não.
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Just Friends
FanfictionChat era apaixonado por Marinette, porém a garota só o via como amigo, pois gostava mesmo era de Adrien. O garoto sabia que não podia competir com o loiro modelo, desejado por todos, então tinha que se conformar que eram apenas amigos. Até que um ac...