Amor

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Por fora eu parecia pleno, mas por dentro eu surtava demais.

Eu estava sentado em frente à Marinette na mesa do café inspirado em Friends – no fim optamos por vir nesse, já que ela tinha gostado tanto –, enquanto os olhos dela percorriam pela extensão do cardápio para escolher o que pedir.

Olhei para a rua pela janela, onde uma leve garoa banhava as ruas da cidade. Nathaniel estava certo, realmente choveu. Que irônico!

— O que você acha?

— Acho do quê? – me assustei com a sua fala repentina.

— Que eu devo pedir. Todos parecem tão saborosos. – ela riu e me encarou – O que foi? Você parece tão sério. Aconteceu algo? – acho que fui pego no pulo.

— N-Nada. Não aconteceu nada. – engoli em seco.

— Tem certeza?

— Tenho sim.

— Tudo bem, mas sabe que pode me contar qualquer coisa. Amigos são pra isso. – aquela única palavra no início da frase fez com que tudo que eu já tinha formulado na cabeça, desaparecesse. Então apenas assenti, enquanto ela voltava a olhar o cardápio. - Eu acho que vou pedir um americano com chantilly duplo, porque sabe como eu...

— Esse é o problema! – a interrompi no que eu acho ser um surto de coragem.

— Porquê? O americano não tem graça se não tiver chan...

— Não, não é isso! Foi o que você disse antes.

— Sobre o seu problema?

— Você quer saber o que é? Eu vou contar então! – disse rápido, de uma maneira até meio rude, fazendo com que Marinette me encarasse totalmente confusa. – Eu sou um covarde, passei um bom tempo gostando de uma garota maravilhosa mas eu nunca contei pra ela, é esse o meu problema! – olhei para a janela, sem coragem de encará-la.

— Ah, Chat... Eu... Bem, acho que você deveria contar, então.

— Eu não consigo!

— Porquê não? Aposto que ela é a garota mais sortuda do mundo. – deixei meus ombros caírem em um longo suspiro e olhei para ela.

— Marinette... Eu sou apaixonado por você. – um misto de choque e surpresa estava estampado no seu rosto. Marinette ficou paralisada e o cardápio escorregou de suas mãos até cair na mesa.

Ela ficou mais alguns segundos assim, até eu perceber que de todas as versões formuladas por mim, aquela tinha sido a pior das declarações. Então eu tinha que consertar.

— Eu sou apaixonado pelos seus olhos, azuis como o céu. Eu amo quando você chega na escola com um sorriso, animando e contagiando todos. É sério, quem chega feliz na escola de manhã cedo? E você consegue isso! Eu amo seu jeito desastrado e a maneira como você se importa com as pessoas. Quando seus olhos brilham porque está falando sobre algo que ama, como moda. Seus desenhos são incríveis, aliás. – suspirei novamente – Você está destinada à grandeza, Marinette. Merece o melhor. E eu não tenho certeza se sou isso. Nathaniel disse que eu seria um vencedor por pelo menos confessar os meus sentimentos. Mas sabe... Não me importo com isso. Não me importo em ser um perdedor se isso significa ter você. O que talvez não aconteça, mas tudo bem. Eu só não quero perder nossa amizade, podemos fingir que isso não aconteceu se você quiser. Mas eu precisava dizer o que me sufocou por tanto tempo e eu não quero que você diga alguma mentira só pra me agradar, eu te amo demais pra isso.

Encerrei o meu monólogo e fiquei encarando Marinette, esperando por uma resposta. Não fazia ideia de como tinha conseguido dizer tudo aquilo.

A garota em minha frente permaneceu paralisada, e depois de uns dez segundos, ela piscou os olhos, parecendo estar voltando pra realidade.

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