Ficando Intimo de Alice

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Conversamos sobre mais alguns detalhes chatos e fui me despedindo. Já se passava das 17:30, Alice perguntou se eu poderia esperar por ela até as 18:00 para levar ela à faculdade. Na verdade não queria, mas para não parecer chato, aceitei.

Quando chegamos na faculdade, me despedi de Alice, mas ela havia mudado de idéia, se calou por um momento, e então disse:

- Vamos pro (outro) shopping?

- Shopping? E sua aula?

- Ah... Não tô afim hoje... Vamos pro cinema assistir aquele filme que a gente tava conversando.

- Tem certeza?

- Sim, mas não conta nada pro meu pai.

Acabei aceitando, refletindo sobre minha delicada posição de ficar guardando segredos entre pai e filha.

Levei Alice à um outro shopping mais distante, só para garantir que ninguém que nos conhece iria nos ver juntos alí, com Alice cabulando aula.

Honestamente não me sentia confortável com a situação, levando a filha do meu amigo/sócio pro cinema, quando ela deveria estar na faculdade, apesar de nosso relacionamento não ser nada sexual até então, parecia tudo tão errado...

Tivemos uma noite muito agradável, fizemos um lanche, assistimos um filme no cinema, e até brincamos um pouco nos brinquedos do parquinho. Quando deu a hora, levei Alice de volta à faculdade para que ela pegasse o ônibus de volta para casa, ela não queria correr o risco de levantar nenhuma suspeita, e nem eu.

Como combinado com Fábio, eu não precisava ir à loja com frequência, mas eventualmente Alice passou a me mandar mensagens dizendo:

- Hideki! Vem aqui na loja amanhã pra gente sair de noite!

Eu geralmente aceitava o "convite" de Alice, mas às vezes, principalmente por estar ocupado com outras coisas, acabava por negar o pedido dela.

Eu não tinha intenções nenhuma de me aproximar de Alice de forma mais íntima, mas a amizade dela me fazia muito bem também. Apesar do pai dela ser um cafajeste dos mais cara de pau, eu respeitava bastante minha amizade com ele.

Quando saíamos escondidos, geralmente íamos à diferentes shoppings, às vezes assistíamos algum filme no cinema, mas geralmente apenas ficávamos conversando a noite inteira passeando.

Estava em um momento em que eu não tinha muito trabalho para fazer, então comecei a frequentar mais a loja. Já que havia me tornado sócio de Fábio, era importante marcar presença sempre que possível. Porém, como cuidar da loja e atender clientes não fazia parte de nosso acordo, eu geralmente chegava depois do horário de almoço, e saia junto de Alice, na hora de ela ir para a faculdade.

Alice e Fábio tinham um relacionamento muito amigável de pai e filha, e conversavam abertamente sobre praticamente qualquer assunto, tendo passado a fase rebelde de Alice, os dois começaram a se dar muito bem, tornando-se não mais pai e filha apenas, mas também melhores amigos um do outro, e nosso papo era sempre muito agradável.

Fábio, porém, passou a aproveitar-se de minha nobreza para passar mais tempo fora da loja, alegando, entre outras coisas, poder "firmar parcerias com distribuidores". Eu já conhecia Fábio bem para saber que tudo não passava de desculpa. Apesar de puto com o comportamento dele, não reclamava, afinal, minha posição na loja era bem favorável, recebendo uma porcentagem das vendas sem fazer quase nada, trabalhando a maior parte do tempo em casa.

Por curiosidade perguntei à Alice, se seu pai sempre a deixava sozinha na loja, surpreendentemente ela dizia que não era muito comum, que quando ele a deixa sozinha, geralmente é por pouco tempo, apenas quando estou presente ele se ausenta por mais tempo.

Sempre depois do expediente, Fábio me ligava para agradecer por tomar conta da loja e de sua filha enquanto ele corria atrás de mulher, muitas vezes, acompanhantes, gabando-se, muitas vezes com detalhes de sobra dos encontros dele, e às vezes, até mesmo fotos para ilustrar bem suas histórias...

Com Fábio nos deixando a sós praticamente todos os dias, durante toda a tarde, Alice e eu fomos nos aproximando mais e mais, as amigas de faculdade dela até já me conheciam, apelidando-me de "O japinha da Alice", apesar de não haver nada entre nós, até então.

Já haviamos nos aproximado o suficiente para conversarmos sobre assuntos mais pessoais, ela me perguntava sobre namoros que já tive, e me contava sobre os namoricos dela também.

Eu ainda não tinha intenção nenhuma de me aproximar dela de forma mais íntima, mas isso mudou rapidamente numa noite de sábado, quando Fábio pediu para que eu ajudasse Alice a fechar a loja, pois estaria ausente.

O movimento da loja estava relativamente fraco para o final de semana, e Alice e eu passávamos o tempo conversando, como sempre. De uma hora para outra, Alice muda de assunto e me pergunta:

- Você sabe por que meu pai vive saindo, e fica tanto tempo fora?

Quase engasguei com a pergunta, mas respondi negativamente, Alice continuou:

- Ele tá com alguma mulher.

- Como sabe? – Perguntei surpreso.

- Meu pai não sabe mentir, às vezes penso que ele nem tenta, fica até falando no celular achando que eu não posso escutar...

- Sério!?

- Sério. E essas desculpas que ele fica dando só colou no começo, não foi difícil perceber que ele tava escondendo algo... Acho que ele pensa que sou mais inocente do que realmente sou...

Compreensível, a julgar pela aparência inocente de Alice... Ela continuou:

- E sabe o que é o pior?

- O quê?

- Eu sei que você sabe disso.

Fiquei sem saber como reagir, Ela me pegou de surpresa, e tinha total razão. Alice nem esperou uma resposta minha, e disse:

- Tá tudo bem, eu não te culpo.

Ainda assim me desculpei com Alice:

- De qualquer maneira, sinto muito. Honestamente, sempre odiei a idéia de mentir pra você.

- Você é um fofo, não se preocupe, tá?

- Quer que eu diga algo ao seu pai?

- Não, deixa quieto.

- Mas você não gosta que ele fica saindo com essas mulheres, não?

- Mulheres!?

Ops... Falei demais... Não soube como reagir depois dessa, Alice então me pressionou:

- Me conta essa história direito.

- Apenas sei que ele já viu mais de uma neste tempo, não sei mais que isso.

- Que cafajeste...

- Se quiser eu falo algo pro seu pai.

- Não, não estou nem aí, ele pode pegar quem quiser, só não sei por que ficar escondendo...

Passado um momento de silêncio constrangedor, Alice me pergunta:

- Me responde uma coisa... Ele tá pagando alguma coisa pra essas mulheres?

Alice conhecia bem seu pai, e a verdade era que sim, mas não queria entregar Fábio completamente...

Apenas respondi que não sabia.

Conto A inocente filha de um AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora