~ Capítulo 1 ~

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Eu não sou muito fã das noites, parece que tudo se fecha a nossa volta, mas quando amanhece e, tudo parece novo e o ânimo volta, penso valer a pena a escuridão e o silêncio da noite.

O despertador ao meu lado corta meus pensamentos desconexos.

7:00. Dia novo.

Respiro fundo e levanto, esfrego meu rosto com as mãos para disfarçar a cara amassada. Volto do banheiro e começo a me arrumar. Em pouco tempo estou pronta e me olho no espelho. Meu cabelo tem alguns fios fora do lugar, mas eu não me importo, pego minha bolsa e saio do meu quarto.

Eu me acostumei a morar aqui, a pousada da Lucy se tornou meu lar, desde que meus pais decidiram seguir viagem pelo mundo. Carla e Louis moravam aqui depois de terem saído da casa dos pais que não aceitavam o relacionamento do dois, eles tinham pouco mais de 16 anos quando eu nasci e apesar de terem me criado até os 4 anos, acreditavam não ter maturidade suficiente para continuar a cuidar de mim. Então, me deixaram com a dona da pousada que é tia da minha mãe, e que não se importou em me criar depois de meus avós se negarem a criar o erro adolescente dos filhos.

Nem meus avós paternos ou maternos, quiseram me conhecer. Porém, tenho notícias deles toda vez que Lucy vai ao encontro de ex-alunos do Colégio Coobe e se encontra com os casais, uma vez ao mês. Quando tinha uns 10 anos eu quis realmente conhecê-los e ver se temos algo em comum ou sei lá, mas essa ideia não solidificou e eu superei.

Apesar de tudo eu não julgo ou odeio, meus pais e avós, Carla e Louis eram apenas jovens apaixonados querendo ter a vida que sempre sonharam. E meus avós não tinham a obrigação de criar a filha dos filhos "inconsequentes".

Mas, pensar em como eles estão agora, se lembram de mim ou se tenho irmãos, é inevitável.

-Ah querida, está aí! Como se sente hoje?-ouço a voz suave de Lucy invadir a cozinha, me viro em sua direção e sorrio.

-Bem, e a senhora?-ela me cumprimenta com um beijo na testa e vai servir seu café.

-Eu estou ansiosa, hoje Auguste e eu completamos 1 ano juntos e vamos sair, me sinto uma colegial.

Sorrio com a empolgação dela. Lucy e Gus se conhecem desde pequenos e se amam desde esse tempo também, mas tiveram muito desencontros, só se reencontram agora quando ele veio se hospedar aqui e o sentimento guardado veio a tona com força. Eles são tão lindos juntos.

Termino de tomar meu café e pego minha bolsa.

-Tudo dará certo, Lucy. Fica tranquila! Bem, agora preciso ir. - Dou a volta na mesa e me despeço de Lucy.

-Obrigada, menina! Tchau, tenha uma boa aula.

Com a mochila nas costas vou apressada até meu ponto, onde o ônibus me esperava.

-Bom dia! - cumprimento o motorista que não tem uma expressão boa no seu rosto cheio de pequenas rugas.

Ando até o fundo do ônibus que está vazio.

Com o tempo diversos jovens entram e socializam entre si, enquanto eu observo a monótona paisagem pelo qual passamos.

Quando chegamos ao colégio sou a última a descer, e me encaminho de cabeça baixa até meu armário.

Depois de pegar o livro de ciências políticas, fecho meu armário e ajeito a mochila no meu ombro. Caminho até a sala e me deparo como uma pequena multidão de alunos em volta de alguém, eles parecem empolgados por estarem na presença do centro de suas atenções.

Continuo o trajeto até minha mesa de forma lenta, ouço diversos gritinhos e risadas vindas do grupo animado à alguns passos de mim.

Sr. Koken entra apressado com sua euforia rotineira. Ele sorri desajeitado e pede com a voz baixa para que todos voltem ao seus lugares.

Os alunos se dispersam deixando apenas um garoto. Ele não é muito mais alto que eu, seu é cabelo na altura dos ombros e preto como seus olhos, nos lábios ele sustenta um sorriso de lado, a jaqueta jeans que ele usa juntamente com a calça preta e o coturno o dão um ar de rock, ele é lindo. Seus braços cruzados exibem músculos magros e ao mesmo tempo másculos.

- Scott Kinney, vejo que se juntará a nós novamente. - o professor diz

-Sim, senhor! -ele joga o cabelo para lado de uma forma sexy para caramba - Para iluminar seus dias cinzentos. - joga seus braços de uma forma exageradamente teatral, alguns alunos riem enquanto eu reviro os olhos.

Eu não entendi o novamente usado, também não me lembro de ter visto Scott desde que estudo aqui ao contrário de todos os outros alunos que parecem conhecê-lo muito bem.

Sr. Koken ri sem graça e manda o rapaz se sentar, ele começa a aula.

Enquanto o garoto se dirige até a mesa na frente a minha. O vejo lançar um sorriso de flerte para Lia Houtson e também vejo ela se derreter. Ele se senta de maneira relaxada e seu perfume invade meu nariz e caramba.
Ele cheira tão bem.
Droga.

FlameOnde histórias criam vida. Descubra agora