~Scott
Cheguei em casa, depois de deixar a “garota desafio”, como eu e os caras a chamávamos, em casa. Hoje eu tinha realizado o primeiro passo, ela caiu ao tentar alcançar o ônibus e eu vi ali uma ótima oportunidade para plantar minha semente do interesse.
Coloquei a mochila no chão do quarto e me joguei na cama. Alguém bateu à porta e eu revirei os olhos, eu já tinha deixado claro que não me incomodassem. Darla colocou a cabeça para dentro do quarto e sorriu quando me viu.
— Oi, meu garoto – disse, enquanto recolhia algumas camisas minhas do chão – Eu deixei seu almoço separado, deve estar com fome.
— Oi Darla. Valeu, mas eu não tô a fim. – balbuciei, cobrindo minha cabeça com o travesseiro.
— Nada disso, sua mãe deixou bem claro que te quer bem alimentado. Ela está preocupada com você, querido. Desde que voltou da casa dos seus avós não tem se alimentado direito. É algum tipo de pirraça?
— Ai está. – levantei bruscamente, a assustando — Eu não sou mais criança, mas você e meus pais insistem em me tratar como uma. – passei a mão no cabelo – Até me mandaram para aquele fim de mundo, durante todo o verão. Quero que diga para minha mãe que não preocupe, porque ela sequer deve saber como se faz isso.
Seus olhos estavam arregalados em minha direção, e me arrependi por ter gritado com ela, Darla era minha babá e ela sempre fez tão bem seu trabalho que continuou trabalhando aqui quando eu e Kim, crescemos, e agora era a governanta.
— Foi mal tá! Eu não queria ter gritado. Mas a hipocrisia dos meus pais, me mata. Eles simplesmente, vivem naquela empresa, e querem fingir que se importam comigo.
— Eles se importam, Scott. Eu vejo isso.
— Olha, Darla eu não quero mais falar sobre isso. – caminhei até o banheiro e quando voltei ela não estava mais lá. Ela percebia quando eu só precisava de espaço.
Eu estava ferrado, por meus pais terem me deixado longe num dos melhores períodos de Vancouver. Eu precisava esfriar a cabeça e decidi focar no segundo passo do desafio. Eu adorava quando era desafiado, me movia, e não importava quem fosse envolvido eu sempre os vencia. Fazer uma garota se apaixonar por mim e depois desiludir, já fazia parte da minha rotina, mas ver aquilo como um desafio inédito, fazia a adrenalina percorrer meu corpo sempre que eu pensava nisso.
(…)
Pela manhã, entrei na sala da única aula que eu e Alice tínhamos juntos, meus olhos correram por toda sala, procurando meu alvo. A avistei, em uma mesa próxima a janela. Toda sua atenção estava voltada para um livro, me aproximei e ela pareceu não notar minha presença, me acomodei no lugar ao lado do seu.
— Bom dia, Alice! – minha voz chamou sua atenção e ela me olhou desconfiada.
— Bom dia – um pequeno sorriso surgiu em seus lábios em reconhecimento. Ela abaixou os olhos para as mãos.
— O que tá lendo aí? – apontei pra o exemplar na sua mesa.
Seus olhos brilharam, e ela começou, empolgada, a contar o enredo do livro, pelo qual eu estava totalmente sem interesse, mas não deixei transparecer e até fiz algumas perguntas.
— Interessante! – sorri – Lembra da Stacey?
Ela assentiu, prestando atenção.
— Ela convidou o pessoal para uma social na casa dela, essa noite. Pensei se talvez você não quisesse ir comigo?
Antes que eu terminasse meu convite, sua cabeça começou a se mover freneticamente para os lados. E eu esperei ela começar a falar.
— Eu sou muito grata, por aquela carona como eu havia dito. Mas nós dois fazemos parte de universos diferentes, Scott, e eu sei muito bem do tipo de envolvimento que você pensa que pode ter comigo, mas sinto decepcioná-lo sobre isso.
— Uou! Tudo bem, baby! – levantei meus braços em rendição, confesso que não esperava por aquela reação, e aquilo mudou todo o jogo, ela não era mais uma, das muitas, garotas com uma paixão platônica por mim. Isso significa que aquela timidez quando a deixei em casa não era de flerte, era só timidez. E eu agora teria que conquistá-la de verdade. Ótimo! – E se formos só amigos, o que me diz?
— Amigos? Mas eu já disse que somos de mun…– a interrompi
— Sem segundas intenções. Só amigos. – eu quase puder ver as engrenagens da sua cabeça ponderando aceitar ou não minha proposta – E então o que me diz, Ali, amigos?
Seus olhos verdes, caíram para minha mão estendida e lentamente a sua mão se encaixou na minha, aceitando. Isso garota!
Sorri e recebi um sorriso tímido.
— Amigos, vão à lugares juntos, né? – Ela me olhou de forma ameaçadora — Vou reformular o convite. Stacey, vai fazer uma pequena festa na casa dela, essa noite, quer ir comigo para conhecer meus outros amigos? Outros amigos, ouviu?
— É, eu ouvi isso. Mas não tenho certeza se minha tia me deixará ir.
— Isso quer dizer que você aceita?
— Sim, e não sei se minha tia vai concordar.
— Tudo bem, isso é o de menos, passo mais cedo para te buscar e falo com ela. Que tal?
— Eu não sei se isso a fará concordar, mas pode funcionar, de qualquer forma eu vou deixá-la ciente.
— Ótimo. Chego às 6 e preciso do seu número caso aconteça um imprevisto, sei lá.
— Tá bom. – deu de ombros.
Quando pegou meu celular, a vi balbuciar sem som que era louca, em segundos ela devolveu meu celular e mandei uma mensagem para o número que ela tinha digitado.
“Sua vez de gravar meu número, gatinha! ~S”
Seu celular apitou, depois de ler ela negou com a cabeça e sorriu.
Alice acenou indicando o professor entrar na sala.
Nossa conversa se encerrou e eu estava feliz, segundo passo concluído, não seria tão fácil como eu tinha imaginado mas eu posso consertar isso.
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Flame
Teen FictionAlice Palmer não conhece os pais ou os avós, mas tem o amor de sua tia Lucy, e a companhia de seus livros. No último ano do colegial ela vive no seu silêncio perfeito. Após, voltar de um temporada na casa da avó, Scott Kinney volta ao seu posto de b...