Dualidade.

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- Você anda muito estranho ultimamente.

Disse Hux, num tom baixo e calmo, enquanto ele e o homem de cabelos negros andavam lado a lado pelos corredores da primeira ordem. Era tarde da noite, o toque de recolher já havia soado, praticamente todos já haviam se retirado aos aposentos, apenas os dois permaneciam acordados, devido às estratégias de batalha que discutiram com Snoke minutos atrás.

Kylo continuava em silêncio, não queria ter aquela conversa. Mas o general da primeira ordem, queria e teria sua resposta, não importasse os meios. Pararam em frete a uma das portas e Hux sugeriu algo, quebrando seu orgulho.

- Vai ficar hoje?

- Não. Preciso meditar um pouco.

Antes que pudesse se virar e partir, Hux o provocou:

- Vai meditar, ou pensar na sucateira de novo?

Kylo se virou, olhando-o com ódio. Aquele cabelo de ferrugem passara da conta outra vez. Mas no fundo, ele sabia que tinha culpa, o general só se sentia absolutamente seguro de fazer isso porque ambos possuíam uma certa intimidade. Hux entrou para seus aposentos dando uma risada de deboche para Kylo. Ele havia conseguido provocá-lo e como resposta, Kylo teria um ataque de fúria e cuspiria a verdade que ele tanto procurava. Como esperado, Ren o seguiu fechando a porta. Porém, ele o agarrou pelo pescoço, o encostou na parede e essa reação em específica, foi inesperada.

- Então... Eu estou... Certo... – Respondeu Hux enquanto tentava recuperar o fôlego em meio às palavras.-

- Você não sabe de nada... - Disse Kylo entredentes. – Eu é que sei o que você quer que eu faça general, vi na sua mente. Você devia cuidar mais dos seus pensamentos.

Nesse momento, o corpo de Kylo estava tão grudado com o do general, que por um instante, os olhos se encontraram de jeito um tanto diferente. O olhar característico era referente a de muitas noites atrás, quando costumavam ficar juntos. E por fim, Kylo o soltou, se afastando. Hux passava a mão pelo pescoço recuperando o fôlego, mas não deixaria isso passar.

- Eu posso não ler mentes Ren. Mas eu conheço você. Conheço o suficiente para saber que você tem algum interesse nela, depois que a encontrou e ela cortou a sua face, você nunca mais foi o mesmo...

- O que você quer dizer com isso? Eu sou o mesmo!

Neste momento Kylo se virou de costas.  

- Não Ren. Você não é!

- Está dizendo isso só porque não compareço mais, não é? Mas eu realmente não sei se posso ou quero mais fazer isso Hux.

Finalmente o homem de cabelos ruivos estava conseguindo as respostas que queria, mesmo não sendo as que desejava ouvir.

- Quer parar definitivamente de me ver?

Kylo se demorou uns segundos, sentou-se na beirada da cama e soltou um suspiro pesado. Ao encarar seu companheiro de trabalho, um pequeno devaneio se instalou em sua mente.

Se lembrou de quando era jovem e estava sempre ferido por causa dos treinamentos pesados de Snoke. De repente, Hux foi designado a cuidar dele. Foi quando aquela atração carnal nasceu. Passavam várias horas juntos; de início era insuportável se aguentarem, mas depois de alguns meses, Hux começou a tratá-lo de forma mais carinhosa, vamos assim dizer, e um beijo conciso nasceu. Desse beijo vieram toques, carícias e muitas descobertas, especialmente para Kylo, que por muitos anos, ficou sem sentir nenhum tipo de afeto. E graças a essa troca de carinhos tanto carnais quanto um pouco sentimentais, Kylo aprendeu a gostar daquilo. Por ser jovem e inexperiente ele ficou confuso, mas gostava, especialmente porque aquele momento parecia ser o único em que Ren se sentia no controle da situação. Por mais autoritário que o general fosse na frente dos outros, quando estavam a sós, Kylo se sentia com plenos poderes de ordenar e se deixar ser ordenado.

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