Oh, You're In My Veins.

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Violet's POV

Era estranho vê-la na minha frente depois de tantos anos. Ela tinha mudado muito desde a adolescência, mas aquele olhar que me deixava sem palavras, continuava o mesmo. Eu parei de falar no mesmo instante em que ela entrou na minha sala, no mesmo instante em que meus olhos foram de encontro aos dela. Acho que ficamos nos encarando por cinco minutos até uma voz nos interromper.

– Dra. Turner? Essa é nossa nova hóspede (eles se referiam assim, para que os pacientes se sentissem mais a vontade) Amelia Shepherd.- ela disse com as mãos em volta dos ombros da morena.

– Amelia. É um prazer tê-la conosco, pode se sentar por favor.- eu disse esticando a mão para comprimentá-la e em seguida apontei para a cadeira.

Não sabia como começar a falar com Addison, não queria ter que fazê-lo, mas pareceria falta de educação. Ela era acompanhante de minha paciente. Amiga? Namorada? Esposa? Uma nuvem de dúvidas se fez presente na minha cabeça para logo depois se desfazer. Isso não importava, eu não a conhecia mais. Nada além do que eu via nas revistas e o que ela tinha se tornado era algo que eu não queria conhecer.

Mas ao mesmo tempo não poderia julgá-la, eu tinha feito o mesmo. Quebrei seu coração quando decidi aceitar o que a mãe dela me oferecia para ficar longe. Fui burra, nunca deveria ter deixado aquilo acontecer. Fui covarde, nunca tive coragem de ir atrás dela e tentar que as coisas entre nós dessem certo. Eu sofri, foi a época mais sombria da minha vida e agora toda a dor daquele tempo, estava presente ali. Em mim e nela. Era palpável. E notável a decepção naqueles olhos que eu tanto amei. O que eu poderia fazer afinal? Ela não disse uma palavra, apenas saiu.

– Addison? Onde ela foi?- Amelia a chamava e me olhava com um olhar de dúvida.

– Para alguns familiares é difícil essa situação toda.- menti, esperando que ela me dissesse qual sua relação com a mulher que acabara de sair em disparada da minha sala.

– Digamos que ela é tudo o que eu tenho agora. Minha família, não tinha parado para pensar nisso. Mas está aí, Addison é minha família.- ela disse encarando as mãos e em seguida me olhando.

Meus olhos estavam ardendo e minha garganta também. Eu queria gritar, ir atrás dela, chorar. Queria ter alguma resposta. Alguma coisa que me dissesse que o que eu vi no rosto dela não foi uma expressão de ódio ou raiva. Tinha tantas perguntas. Ela também tinha sentido minha falta? Por que eu morri todos os dias de saudade dela. Minha vida seguiu em frente mesmo sem ela mesmo com todo o sofrimento que eu tinha dentro de mim, agora eu tinha um filho. Lucas, o amor da minha vida. E estava viúva, dois anos e sete meses que ele havia morrido, suicídio. Aquilo me devastou e foi o que me trouxe de volta a Seattle.

Não voltei na esperança de encontrá-la, não faria isso. Voltei para trabalhar na clínica de reabilitação para narcóticos e alcoólicos, um trabalho diferente do que eu fazia em Los Angeles. Mas mesmo com toda a diferença, o contato com os pacientes era igual. Eu tentava fazê-los enxergar a vida de outra forma, sair da realidade sem que fosse preciso usar drogas ou qualquer coisa parecida. Mas minha conversa com Amelia não estava tomando outro rumo que fosse falar sobre Addison.

– Você pode esperar aqui? Preciso resolver um problema, não vou demorar eu juro.- não esperei ela responder e saí, correndo o mais rápido que eu pude.

Addison's POV

Não aguentei ficar no mesmo lugar que Violet por muito tempo. Eu estava prestes a desabar ali mesmo, prestes a chorar feito um bebê, era como eu estava por dentro. Podia sentir que ela estava da mesma forma, não conseguia parar de encará-la, e nem ela. Ela tentava se concentrar na paciente, que não era eu, mas não conseguia tirar os olhos dos meus. Era intenso, intenso demais, mas imperceptível para quem olhava de fora.

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