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Meredith's POV




E então eu estava novamente em casa, no quarto metade verde, metade azul e metade roxo onde tinha fotos de Lexie, minha e de Alex quando crianças, nossos brinquedos, e várias coisas que nossos pais mantinham lá como forma de nos manter por perto. Fiquei lá observando e sentindo uma nostalgia boa, seguida de uma pontada no peito quando lembrei da minha pequena irmã, que hoje em dia seria uma mulher, uma mulher linda eu aposto. Sai dos meus pensamentos assim que minha mãe entrou no quarto.

– Filha? Seu pai me disse que estava aqui. Que bom ter você de volta. Está de volta, não está? - ela disse me abraçando, e eu poderia jurar que havia uma lágrima querendo escapar de seus olhos.

– Sim, estou.- retribui o abraço torcendo para que ela não me fizesse perguntas.

– E o emprego?- meu estômago doeu.

– Me demiti, mãe.- menti.

– Oh... Mas por que?- teria que mentir mais.

– Nada demais. Não quero falar sobre isso. O importante é que estou de volta e ah, Cristina vem para o jantar hoje.

– Que ótimo! Estou com saudades dela.

– Ela também está.

Cristina era a única pessoa que sabia onde eu estava, a única pessoa que eu sabia que nem por um decreto contaria a Addison sobre mim, ficar longe dela era tudo o que eu precisava agora. Desfiz a mala e guardei minhas coisas, o armário tinha um cheiro muito forte de mofo que logo fez meu nariz coçar, maldita alergia. Abri as janelas do quarto na esperança de arejar o ambiente. O sol estava forte, e fazia calor, um calor insuportável, já estava com saudades do maldito ar condicionado daquela maldita casa. Oh, porra. Seriam longos dias até eu me acostumar novamente. Sem falar na saudade dela, maldita.

– Onde está Alex?- perguntei ao meu pai que preparava algo na cozinha.

– Hospital.

– Vou até lá.

Sabia que provavelmente ele estaria ocupado, mas precisava sair. Fui até o Seattle Grace, e esperei até poder falar com alguém. Uma mulher baixinha que pelo que eu pude ver no jaleco se chamava Bailey, me mandou esperar na recepção até que ele pudesse vir até mim. Sentei lá e fiquei encarando o lugar, certa de que em outra vida eu havia trabalhado lá, era como se eu conhecesse cada sala. A emergência estava lotada, eu podia ver pela correria e pessoas gritando, talvez não fosse uma boa ideia ficar ali, mas quando pensei em sair, ele apareceu.

– Mer! O que faz aqui?- ele disse sentando ao meu lado.

– Voltei para casa.

– O que? Por quê?- ele parecia curioso e eu diria que decepcionado.

– As coisas ficaram complicadas do outro lado da cidade. Quando você for pra casa nós conversamos melhor. Só vim até ver como você está se saindo.

– Meredith! Estou vivendo um sonho.- ele começou a me contar detalhes, com os olhos brilhando de alegria.

Mas de repente ele foi chamado precisando me deixar sozinha, aproveitei a deixa e fui embora. Nossa casa ficava a poucos quarteirões do hospital, fui andando e observando o quanto o lugar tinha mudado ao longo dos anos. Arrisquei andar pelo parque de nossa infância, o lugar que agora me dava arrepios. Fiquei lá, pensando, e tentando não pensar em Addison e no que ela estaria fazendo. Se surtaria quando percebesse que eu não estava mais lá. Se ela estava ao menos pensando em mim.

Sabia que era errado sair assim, sem falar nada, mas era melhor. Agora minha prioridade era ficar bem, e estar naquela casa com o fantasma de Violet me assombrando não era o meu conceito de estar bem. Liguei para Cristina que para variar não atendeu, se eu dependesse de uma ligação para sobreviver, jamais poderia ligar para ela. Meu celular ainda  não tinha nenhuma chamada de Addison, provavelmente ela não tinha ido para casa ainda.

Quando notei já estava anoitecendo e pela primeira vez no dia o nome de Addison brilhou na tela do meu celular, fazendo meu estômago revirar e minhas pernas ficarem bambas. Apenas ignore, Meredith. Apenas ignore. Coloquei o celular no silencioso e continuei andando. O carro de Cristina já estava estacionado em frente a minha casa e eu corri para vê-la.

– Onde se meteu, mulher?- ela disse sorrindo e me abraçando.– Quase chamei a polícia.

– Não seja exagerada Cristina.- falei rindo.

– Sua esposa acabou de me ligar.- ela disse em um sussurro.

– Não é minha esposa.- prorestei.

– Mer, você deveria esclarecer as coisas com ela.

– Está do lado dela?- revirei os olhos e ela fez o mesmo.

– Não se trata de estar ou não estar do lado de alguém. Você apenas não deveria fugir. Acha certo?

– Acha certo ela estar transando comigo de noite e pela manhã estar beijando  outra? Parece certo pra você Cristina?- não percebi, mas estava falando alto demais.

– Meninas, está tudo bem?- minha mãe entrou na sala nos interrompendo.

– Sim mãe. O jantar está pronto?

– Ainda não.- ela saiu.

– Ta vendo? Quase que ela ouve.

– Mer, pensa no que eu te falei. Ela pode ter cometido um erro, ou não.Você não vai saber até ouvir o lado dela da história.

– Okay.

Minha mãe adorava Cristina, era incrível como elas tinham mais assunto do que nós duas sempre iríamos ter. Olhei meu celular e uma grande culpa tomou conta do meu peito, mais de vinte chamadas e mensagens, até April estava me ligando, mas não poderia falar com ela também. Saímos da mesa e fomos sentar na sala onde passava algum programa sobre qualquer coisa na tv, meus pais e Cristina riam enquanto minha cabeça dava voltas. Eu estava perdida.

Cristina despediu-se de nós e foi embora, fiquei um pouco parada em frente minha casa, esperando sem saber exatamente o que. Olhei para cima e o céu estava estrelado, me fez lembrar da vista que tinha do quarto de Addison. Nosso quarto. As lágrimas começaram a cortar meu rosto e eu apenas deixei, me deixei chorar, me deixei chorar alto até sentir os braços de minha mãe em volta do meu corpo. Eu não precisaria dizer nada se não quisesse, ela só queria se certificar que eu ficaria bem. Chorei mais, não sei por quanto tempo, mas o suficiente para fazer minha cabeça doer.
Eu não consigo. Eu não consigo. Eu não consigo. Saí correndo deixando minha mãe sentada nos degraus da porta, precisava ouvir a voz de Addison.

– MEREDITH! Onde você está? Por favor.Não faça isso comigo!- ela estava chorando, não precisei vê-la para ter certeza disso. Meu coração se partiu novamente naquele dia.

– Addison. Eu estou bem.

– Onde? Onde você está? Eu vou buscar você.. Por favor me diga onde você está! Eu... Eu... Por favor!

– Escuta! Não quero que você venha atrás de mim, okay? Addison.. Eu te amo e é minha única certeza agora. Eu te amo e isso dói, te amar dói, e eu não quero mais. Não quero mais amar você.- desliguei, não podia ouvir o que ela tinha para dizer porque meu coração não aguentaria mais nada.

Eu nunca deixaria de amá-la, por mais que eu usasse todas as minhas forças para isso, ela estava em mim, como uma doença, como algo que ela me disse um dia. E não existia remédio para isso. Mas por agora, eu usaria o meu amor próprio para tentar me curar.

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