Memórias Perdidas #1

5 - Dia do jogo

Maio – 2012

"Lembro-me claramente daquele dia, quando pensei que finalmente iríamos dar um passo à frente."

E finalmente o mês está chegando ao fim, e com ele vem o quê? Joer. Ah, eu amo o Joer, porque significa que teremos aulas vagas para poder ir ao ginásio assistir os jogos. Por incrível que pareça eu presto atenção nos jogos, é divertido torcer e gritar a cada gol.

É minha primeira vez estudando nessa escola, e quero poder experimentar o gostinho da vitória, porque quando estudava na outra escola nunca vencemos.

Para mim aquela era uma chance para tirar um pouco Josué da mente, eu tinha certeza que não iria encontra-lo ali, até mesmo que se ele fosse a multidão o esconderia. Não era que eu não desejasse vê-lo, mas hoje era um dia para aproveitar com os meus amigos.

— Nossa escola irá jogar contra qual hoje? – Pergunto para Wellinton na hora do intervalo. Eu estava tentando agir o mais natural possível com ele desde a sua declaração, mas às vezes ele dava algumas investidas que me deixavam vermelha da cabeça aos pés.

— Angelo Angelin. – Fiquei surpresa, aquela era minha antiga escola. Eu iria reencontrar meus amigos da oitava série, e isso me deixava extremamente animada. — Natasha. – Eu estava me virando para ir de encontro às minhas amigas quando Wellinton me chamou. Virei-me em sua direção e me surpreendi ao encontra-lo tão perto de mim. Tentei dar um passo para trás, mas Wellinton segurou em meu pulso. — Você qu...

— Natasha! – Assusto-me ao ser agarrada por Kátia. — Quanto tempo mais você vai fazer a gente esperar? Anda logo. – Kátia puxou meu pulso do aperto de Wellinton e me arrastou para onde Liane esperava pacientemente. — Eu estava esperando você me contar, mas você não o fazia. – Kátia falou mal-humorada. — Quando o Wellinton começou a gostar de você? – Paro abruptamente.

— Como você soube? – Kátia revirou os olhos com a minha pergunta.

— Tem como não saber? Ele ficava babando em cima de você.

— Verdade. – Liane surge de trás de Kátia.

— Eu queria contar. – Olho para os lados verificando se Wellinton não estava por perto. — Mas não sabia se ele ficaria constrangido. – Kátia riu alto.

— Wellinton constrangido? Estamos falando da mesma pessoa? – Encaro Kátia por poucos segundos e caio na gargalhada. Ela tinha toda a razão, era mais fácil o Josué vir falar comigo do que Wellinton ficar constrangido.

— Você já fez a gente perder tempo demais, bora comer. – Kátia agarrou em meu braço e no de Liane e nos guiou em direção ao refeitório.

O sinal soou anunciando o fim do intervalo.

— Ah não! – Reclamou Kátia. — Eu nem comi ainda. – Kátia acertou um soco em meu braço. — Culpa sua.

— Ei. – Alisei o local dolorido. — Doeu.

— Ainda bem. – Kátia me olhou mal-humorada, e Liane ria sem parar da nossa pequena "discussão".

                                                                                       [...]

O jogo iria começar às 16h, e eu já estava morrendo de ansiedade. Mal podia esperar para a aula acabar e encontrar meus amigos, sentia muita falta de Márcia e Luana.

Liane não teve a oportunidade de estudar junto de Márcia e Luana. As conheci em um ano que tive de estudar no horário da manhã, chorei muito por ter de me separar de Liane, mas acabei conhecendo duas pessoas maravilhosas que alegraram meu oitavo ano.