Eu vejo
No fundo dos teus olhos arregalados;
Sinceros, inocentes e amarelados
O quão difícil e bela é a vida de quem se arrasta todo santo dia por um pedaço de pãoEu vejo
Nesse seu corpo desnutrido;
Humilhado, marcado e ferido
A dor de quem com tão pouco tem que aguentar a tão grandiosa fome do mundoEu vejo
Nos cantos de todas as ruas;
Imundas, esburacadas e chulas
A consequência tão presente de todos os "grandes feitos" dos homensEu vejo
Em todo lugar que passo,
O olhar podre para aquele que é negro, pobre, deficiente, muçulmano ou crenteE o pior de tudo
É que eu vejo
E não faço nada.