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Subitamente, Lay se levantou do sofá, tirando sua mão do meu rosto. Eu fiquei um pouco triste pelo afastamento, mas abri um sorriso assim que ele voltou cinco minutos depois de dentro de um dos quartos com um velho violão enfeitado com um grande adesivo de uma ovelha com as cores da bandeira da Espanha: vermelho e amarelo. Ele correu e se sentou ao meu lado, apoiando o instrumento na coxa forte.

— Essa é só pra você. – Brincou, arrancando risadas de mim. Pareceu se recordar dos acordes por um momento e depois começou a dedilhar uma melodia suave no violão, amolecendo meu coração por inteiro. Seu olhar estava concentrado e quase distante, era como se seu ar mudasse assim que ele começasse a tocar. Meus olhos se arregalaram assim que ele abriu sua boca. — Tenho um pássaro na minha janela cruzando o céu azul. Tenho o orvalho da manhã, mas me falta você. Tenho desperdiçado tantas noites da juventude. Tenho mil beijos que o vento leva, mas me falta você.

A música era em espanhol, e a voz de Lay era calma e envolvente. Garanti a mim mesmo que aquela era a voz mais linda que eu já tinha ouvido na vida. Quase como um querubim, o som foi direto ao meu coração. Apenas continuei a prestar atenção na letra, traduzindo o máximo que pude.

É que me falta você. Porque em meu mar, você é o porto. Porque na minha alma há um deserto. Porque em tua ausência estou morrendo. – Parecia estar ficando cada vez mais animado, e pude perceber um sorriso vergonhoso quando ele errou um acorde. Eu nem conseguia mais prestar atenção direito no violão, era como se só a voz do homem existisse no mundo inteiro. — Tenho semeada dentro da alma a rosa do teu amor. Tenho cravada como uma espada o espinho do teu adeus.

"Porque me falta você...", a música terminou. Eu já estava de olhos fechados, apenas me permitindo sentir a graciosidade da voz de Lay. Nunca tinha ouvid a música na vida, mas sei que essa seria para sempre a melhor versão pra mim. As cigarras da noite cantavam junto, como se quisessem acompanhar o violão. Assim que o chinês tirou seus dedos das cordas e me olhou, deu um sorriso e escorregou o dedão pela minha bochecha. Deitei minha cabeça em sua mão, o que o permitiu fazer carinho no meu cabelo úmido.

— Você pode levar como uma declaração, Suho. Você pode achar que é muito cedo, mas eu sei quando estou sentindo algo. – Nem me permiti ficar assustado, apenas continuei apreciando o carinho dos seus dedos entrando nos fios. — Eu não vou deixar o pensamento lógico de que acabamos de nos conhecer superar o sentimento. Você não sabe a dor absurda que eu senti quando eu soube que você é casado. E mesmo que isso seja um pouco egoísta, eu só espero que você possa ficar aqui comigo, sem pensar nesse homem que lhe fez mal.

— Lay... – Ronronei como um gato, abrindo os olhos e segurando seu braço. — Não é o certo...

— Se você achasse que o certo era estar com ele agora, não estaria aqui, comigo. – Retrucou. — Não me deixaria tocá-lo desse jeito... – Seus dedos fizeram um carinho pelo meu lóbulo antes de sua mão ir até minha nuca e me puxar mais pra perto, enquanto ele colocava o violão no chão. — Você quer que eu te toque, Suho. E esse é a única coisa com a qual devemos nos preocupar agora.

Ele me beijou com luxúria transbordando, o toque mais agressivo que ele já havia me dado. Não posso dizer que eu não gostei mais desse do que dos outros beijos. Era quase erótico, porém mais romântico do que qualquer coisa. Ele sugava minha língua com devoção e mordia meu lábio inferior, talvez fizesse uma ferida mais tarde pela força que seus dentes exerciam na minha pele.

Tomei a decisão de tirar a sua camiseta, então nós paramos de beijar para que a peça de roupa passasse pela sua cabeça, voltando a nos beijar novamente. Escorreguei minhas mãos pelo seu peitoral perfeitamente definido, três fileiras de gominhos esculpidas como se ele fosse uma estátua. Paramos de nos beijar por um tempo enquanto Lay olhava eu esfregar seu peito para sentir o quão forte ele era. Desci minhas mãos devagar e parei até o botão da sua calça. Nesse momento, senti seu volume acordar. O meu já estava disposto há bastante tempo. Até mesmo os beijos daquele homem era suficiente para me fazer desejá-lo desesperadamente. Soltei apenas o botão para ver que ele já estava me desejando, mas tirei minhas mãos da calça e tirei minha camisa, me sentando no colo do chinês. Ele colocou suas mãos grandes na minha cintura e deu uma lambida no meu mamilo direito, o que foi suficiente para me fazer soltar um suspiro desejoso.

flor de madrid  [ sulay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora