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Me soltei da mão de Lay quando ele já havia me arrastado até a portaria, com um olhar destemido. Ele tentou continuar seguindo para dentro, mas eu o puxei pelo pulso e o segurei para olhar dentro dos meus olhos.

— Lay, por favor... – Agarrei seus braços. — Por favor, não vai lá.

— Me desculpa Suho, mas eu vou dar o meu melhor para estar com você. E mesmo se eu não conseguir, vou saber que fiz o máximo por quem eu amo.

Não tinha o que dizer. O porteiro deixou Lay entrar assim que me reconheceu junto com ele, por mais que eu insistisse que não abrisse a porcaria do portão. Aproveitou para perguntar onde ficava o meu apartamento, e novamente o funcionário pareceu conspirar contra mim. Sério, quem teve a ideia de contratá-lo?

Eu apenas estava correndo atrás do chinês enquanto o observava subir o prédio. O elevador já estava sendo ocupado e ele parecia nervoso demais para esperar descer. Os seus passos firmes faziam um barulho escandaloso contra a escada de emergência, chegando finalmente ao terceiro andar e olhando o número de cada porta.

— Lay, para! – Tentei novamente segurá-lo, mas ele era rápido demais, e eu lento demais. — Você é o Usain Bolt chinês ou algo assim? Volta aqui!

Já nem respondia aos meus gritos, apenas continuava seguindo ao seu destino. Imaginava ouvir os vizinhos dos outros quartos reclamando na gerência comigo e Yifan. Minhas pernas já estavam cansadas e eu quase sem ar. Apesar de ofegante, Lay continuava seguindo correndo, os corredores eram grandes e dispersos demais, os números nem pareciam estar em ordem. Isso estava o deixando frustrado, mas seu sangue ainda estava quente de raiva do meu marido. Engoli o seco quando finalmente estava lá: meu quarto.

Ele ficou um tempo parado em frente a porta, parecia estar perdido nos pensamentos. Eu nem ao menos conseguia me aproximar dele, estava com medo de como reagiria. Após algum tempo com a mão na maçaneta, ele escancarou a porta destrancada e deu de cara com Yifan, pronto para sair.

— Entrou no quarto errado. – Falou, baixo, calçando seus tênis.

— Você não é o marido do Suho? – Apontou para mim, alguns metros de distância. Yifan olhou pra mim por cima do ombro de Lay e soltou uma risada breve, descalçando os tênis. Os dois estavam tão próximos que quase colavam seus peitos: o homem que eu mais amava e o que eu mais odiava, um na frente do outro.

— Então era isso que você andou fazendo quando fugia de mim. – Rosnou, fazendo sinal para que nós dois entrássemos, na sua face o mais puro sarcasmo. Lay entrou apreensivo e sem tirar os olhos de Yifan um segundo sequer. Ele parecia um pouco intimidado pela altura do outro, mas ainda sim se mantinha corajoso. — Não se engane, essa vadia barata só está te usando. Eu estava indo dar parte pra polícia por desaparecimento agora, mas você só estava em horário de trabalho, prostituta.

— Não ouse chamar ele assim. – Falou, a voz mais embebida de ódio que poderia oferecer. O tom choroso não estava tão evidente assim, sendo camuflado pela raiva.

— Eu estou contando alguma mentira? – Chegou perto do mais baixo, dando um sorriso de canto. — Se você está achando que esse aí te ama, está bem enganado. Junmyeon só estava entediado e quis dar pra algum idiota qualquer.

Eu não me permitia sentir nenhuma emoção além de medo. Medo do que Lay faria, medo de Yifan machucá-lo.

— Eu estou te falando a verdade. Conheço essa puta mentirosa. Todos acham que ele os ama, mas na verdade só vai sentar neles e ir embora sem nem olhar para trás. Não é, Myeon? – Lançou uma piscadela pra mim, o que fez Lay soltar um riso pelo nariz.

flor de madrid  [ sulay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora