sᴛᴀʟᴋᴇʀ • ᴄʜᴏɴɪ

19

Cheryl

Levantei antes de Toni, a mesma dormia pesadamente do outro lado da cama, sorri fraco com a cena e caminhei pra cozinha, vasculhei os armários e bufei frustada ao ver que não tinha coisas suficientes pra fazer um belo café da manhã.

Liguei pra Veronica pedindo que a mesma viesse deixar algumas coisas, enquanto ela não chegava me sentei na cadeira e fiquei pensando nas várias possibilidades de achar ou não achar Jason. Me sinto tão inútil em não poder fazer nada ou sequer conseguir achá-lo.

Peguei meu celular e digitei na barra de pesquisa "hospitais de Riverdale", são milhares e milhares, como eu faria pra ir em todos esses sem que minha mãe desconfiasse? Anotei os endereços de uns quatro numa folha e a guardei na minha bolsa.

Pude ouvir as batidas na porta e corri até a mesma para que Toni não acordasse.

— Ora ora, parece que alguém dormiu bem hum? — Veronica deu um sorriso malicioso.

— Não enche Ronnie — ri baixo pegando as coisas — valeu, aqui não tem quase nada que encha a barriga. Não sei como ela sobrevive.

— De nada, bom a gente se vê depois?

— Sim, nos falamos depois. Até mais.

Me despedi de Veronica e caminhei novamente pra cozinha, antes chequei se Toni ainda estava dormindo e sim, dormindo feito pedra. Comecei a preparar um café da manhã reforçado para nós duas.

Não sou lá essas coisas na cozinha mas eu até que cozinho bem, sem querer me gabar.

Toni

Acordei com alguns barulhos vindos da cozinha, olhei pro lado não vendo Cheryl, levantei ainda coçando os olhos e caminhei até os barulhos.

A ruiva estava de costas, mexendo em algo na mesa. Bocejei chamando a atenção da mesma, que abriu um sorriso assim que me viu.

— Bom dia flor do dia.

— Caiu da cama, foi? — Dei uma risadinha me sentando na cadeira.

— Digamos que sim — riu — fiz o café da manhã! — Disse animada se sentando no meu lado.

— Você tá bem? — A olhei confusa.

— Estou, vamos comer?

Dei de ombros rindo baixo e começando a comer.

[…]

Encarei a ruiva do meu lado, ela parecia apreensiva. Nós estávamos a procura de Jason, era o quarto e último hospital da lista feira por Cheryl e até então nada dele.

— Vamos? — A olhei, estávamos paradas em frente ao prédio.

— Vamos. — Respirou fundo e então nós entramos.

Paramos na recepção e logo falamos com a moça que ali estava.

— Desculpe, nenhum Jason Blossom deu entrada aqui nas últimas semanas.

— Tem certeza? — Perguntei e a moça assentiu.

Cheryl fitou o nada por alguns segundos e depois tirou o celular de seu bolso, começando a mexer no mesmo.

— Ei, o que foi? — A encarei confusa.

— Ela sabe que eu procuraria por ele, se ela o internou no hospital com certeza não o registrou com o nome verdadeiro — entregou o celular pra moça — esse garoto deu entrada aqui nas últimas semanas?

Cruzei os braços olhando-a, dei um sorriso de canto pra mesma. Ela é tão esperta, nossa.

— Espera um segundo, acho que vi alguém parecido com ele, vou mostrar essa foto ao médico. — A moça saiu levando o celular de Cheryl consigo.

— Como você imaginou?

— Ela escondeu de mim que ele tinha sofrido um acidente, por que não esconderia ele até depois do acidente? Ela sempre achou que eu era uma péssima companhia pro Jason e agora então. — Suspirou ajeitando os cabelos.

— Com licença — era a moça da recepção novamente — vocês deram sorte, este rapaz está no quarto 204, no segundo andar. Me acompanhem.

O sorriso de Cheryl foi inevitável, sorri pra mesma entrelaçando nossos dedos e seguindo-a até o quarto. Conseguia sentir o nervosismo da ruiva ao meu lado, ela apertava minha mão, a dela soava frio e até tremia um pouco.

A tensão dela foi embora assim que a moça abriu a porta do quarto, ela correu até a cama onde estava o garoto, sem dúvidas era seu irmão. Eles se pareciam bastante, não tinha como se enganar.

Cheryl

— Jason.... — Sussurrei me encostando na cama ao lado dele.

Ele parecia tão desprotegido e sereno ao mesmo tempo, eu só queria que fosse apenas um cochilo tranquilo é que a qualquer hora ele abrisse os olhos e me abraçasse, mas não era.

— Estou aqui agora — acariciei o rosto do mesmo — se puder me ouvir... fica tranquilo, ok? Mamãe não vai mais te fazer mal ou nos fazer mal — minha visão já estava turva por contas das lágrimas, algumas já caiam sem controle — eu vou cuidar de você assim como você cuidou de mim desde que éramos crianças, eu prometo que vai ficar tudo bem — funguei limpando o rosto — vou te tirar daqui, prometo. — Beijei a testa do mesmo e respirei fundo.

Ficamos ali por uns cinco minutos até uma enfermeira avisar que precisávamos sair. Toni abraçou meus ombros me levando até a saída, ela não havia dito uma palavra, apenas me observava.

— Sinto que ela vai saber que estivemos aqui e vai querer sumir com ele — cruzei os braços — eu tenho que fazer alguma coisa.

— Podemos conversar com a Betty e a Veronica, elas podem ajudar. — A morena disse.

— Sim... mas não quero que espalhe o hospital em que ele está, isso pode piorar as coisas. — Suspirei deitando a cabeça no ombro da mesma.

— Você precisa descansar, vem vamos pra casa. Quer dizer, pra minha casa. — Riu fraco.

— Ela vai te denunciar, vai dizer que me sequestrou. — Ri baixo.

— Não é um sequestro se você quer ir comigo. — Sussurrou no meu ouvido, nós duas rimos.

[…]

Toni

Peguei um óleo corporal de dentro da bolsa de Cheryl e caminhei pro quarto encontrando a ruiva deitada de bruços na cama com as costas descobertas. Uma visão do paraíso, é a frase mais correta pra descrever aquela cena. Certamente eu faria a festa em outro momento mas não agora, não era exatamente disso que ela precisava agora.

Passei um pouco do óleo em minhas mãos e então comecei a massagear toda a região das costas de Cheryl até os ombros e cintura. Era notável a tensão e o cansaço que ela estava sentindo.

Assim que terminei, levantei da cama e fui lavar as mãos, voltei para o local e encontrei Cheryl dormindo, ela sequer havia se mexido. Neguei com a cabeça rindo baixo e cobri a mesma, logo me deitando do seu lado e ficando a observar a mesma até pegar no sono.