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Cheryl

— Sua cara tá péssima. — Ouvi Veronica dizer.

— Obrigado Veronica, adoro elogios. — Falei num tom irônico e revirei os olhos voltando a tomar meu suco.

— Desculpa. — Deu de ombros.

Estávamos na cantina da escola, mas eu queria mesmo era estar na minha cama, quieta, de preferência dormindo.

— Essa é sua chance de agradecer a Toni. — Veronica disse olhando pro lado, onde a mesma vinha acompanhada de Betty.

— Não vou agradecer ninguém, já disse. — Olhei minhas unhas.

— Mas Cheryl, ela te quebrou um galho!

— Tanto faz, não quero nem ela nem Betty achando que nós estamos querendo alguma aproximação. Aliás Veronica, onde você estava ontem que não me ajudou?

— Eu... Eu me perdi de você, só depois Toni me mandou a mensagem contando tudo. — Falou rapidamente.

Dei de ombros e observei as duas garotas passarem por nós, Betty acenou para mim e para Veronica, já a tal Toni sequer olhou para nosso lado. Como eu digo, uma arrogante.

— Imagina se eu tivesse agradecido... — falei pra mim mesma e ajeitei os cabelos — vamos, temos muito o que fazer. — Levantei saindo do refeitório sendo seguida por Veronica.

Toni

Observei Cheryl sair com Veronica e bufei voltando a cutucar minha salada de frutas.

— Você devia ter falado com ela. — Betty disse percebendo minha irritação.

— Ela sequer me agradeceu, Betty.

— Bom, mas você sabe que não é bom esperar...

— Eu não estava esperando, aliás é da Cheryl que estamos falando. Ela é egoísta.

— E mesmo assim você é louca por ela. — Riu.

— Não enche, Elizabeth. — Resmunguei.

[…]

Matar aula é uma das coisas que eu mais faço mesmo sabendo que eu não devia. Quem tem saco pra aguentar duas aulas de matemática seguidas? Ainda mais com um professor que parece falar em grego?

Entrei no banheiro feminino e encontrei Veronica se maquiando em frente ao espelho, nós duas não tínhamos tanta intimidade até porque eu nunca fui com a cara dela, mas depois de ontem eu até podia considerar ela um pouco legal.

— Olá. — Cumprimentou.

— E aí. — Falei.

O silêncio logo voltou.

Terminei de lavar minhas mãos e caminhei pra saída mas Veronica me puxou.

— Desculpa... Eu preciso fazer uma pergunta. — Disse um tanto receosa.

— Hum... Pode perguntar. — Cruzei os braços a olhando.

— Não pode sair daqui... Sabe se a Betty tem... hum... namorado? — Perguntou pausadamente, parecia até com medo de perguntar.

— Não ela não tem — dei um risinho e vi a expressão de Veronica mudar para aliviada — vem cá, qual a sua? Você quer alguma coisa séria com ela ou é apenas diversão? Porque a Betty é uma garota incrível e ela é louca por você. — Falei de uma vez.

Betty vai me matar.

— O que? — arregalou os olhos — calma, eu não quero brincar com ela! Olha, eu gosto da Betty, gosto mesmo. Mas eu nunca imaginei que ela gostasse de garotas — deu um risinho — eu fiquei sabendo do ex dela e o quanto o que eles tiveram foi especial pra ela por isso eu não pudia imaginar. — Suspirou.

— Paixão é diferente de amor Veronica, todo mundo sabe. E ela era ingênua, se apaixonou pelo Jughead mas... ela não o amava. Quanto a você, eu não posso afirmar que é diferente mas eu sei que ela gosta muito de você. E eu só não quero que você machuque ela, como ele fez.

— Eu não vou. Eu quero conhecer a Betty melhor — deu um sorriso — obrigada por me contar ou eu precisaria perguntar a ela e isso seria demais pra mim. — Riu.

— Tudo bem. Mas fique atenta, se machucá-la te quebro na porrada. — Falei séria.

Veronica me olhou assustada e eu comecei a gargalhar.

— Relaxa, eu tô brincando.

— Aí que susto — riu — Toni, quanto a Cheryl...

— Eu não quero saber disso, sério. Eu não estava esperando que ela fosse me agradecer ou coisa do tipo, conheço ela o suficiente pra saber que ela jamais faria isso. — Dei de ombros.

— Ela não faz por mal, é o jeito dela. Mas saiba de qualquer jeito que eu aposto que ela está muito agradecida. — Sorriu amigavelmente.

— Ah, eu aposto que sim. — Falei com um tom de ironia.

— Bom, eu tenho que ir. É aula de física — revirou os olhos — você não vai pra aula? — Ajeitou sua bolsa no braço.

— Claro que vou... só quando ela acabar. — Pisquei e a mesma riu.

Assim que Veronica saiu, caminhei pra quadra, estava vazia do jeito que eu gostava.

Deitei no penúltimo degrau da arquibancada como de costume e me espreguicei, pegando meu celular e abrindo na pasta de músicas. Franzi o cenho quando vi uma mensagem de un número desconhecido chegar.

desconhecido
primeiramente não ache que isso é um convite para se aproximar de mim
segundamente, obrigada por ontem

Vi que havia mensagens antigas naquela conversa e li novamente. Era Cheryl. Merda, eu sequer tinha salvado o número dela.

eu
tudo bem cheryl
não vou me aproximar de você
e de nada, não fiz nada que suas amigas não fariam

cheryl 🍒
mas não somos amigas

eu
é, tem razão
era só isso?
até mais bombshell

Coloquei meus fones de ouvido e pus numa playlist aleatória. Não vi Cheryl o resto do dia, até agradeci por isso. Meu humor não estava bom para lidar com o humor dela.

sᴛᴀʟᴋᴇʀ • ᴄʜᴏɴɪOnde histórias criam vida. Descubra agora