Between walls

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Eu aprendi a andar de skate com o meu pai, já que ele tinha um, e mudamos para um condomínio que na entrada do outro lado da rua possui uma pista de skate. E assim vou todos os dias para a escola, mesmo no frio, pego a avenida João Pinheiro e encontro a Urca, atravessando a praça verde.
O meu lugar predileto ao ar livre, é uma praça bem grande e com uma vegetação bem densa, em uma das pontas encontramos um café bem sofisticado para pessoas ricas, no meio a fonte musical e dois pequenos campos de grama. Mas saindo da praça do lado direito atravessando a rua você encontra o Âncora coffee, é tipo o Starbucks da vida só que caseiro.
Eu faço esse trajeto todo dia, depois da praça passo pelo Termas, mais pra frente o mini shopping, chego na Assis ( a rua principal). Sigo em frente, viro a esquerda e chego no quarteirão da minha escola. Logo na entrada estava Karina sentada do lado do portão.
Karina é uma das minhas duas melhores amigas da escola, ela e Koreia. Eu estudo nessa escola desde esse ano e no começo eu odiava a Koreia, nunca tinha ido com a cara dela, nos nunca tínhamos conversado e isso me magoou porque eu queria ser "aceita" na escola nova. Mas depois de muitas confusões eu entendi o porque ela era tão fechada, e hoje somos grandes amigas, já com Karina nunca tivemos problemas ela sempre foi reservada mas muito louca quando se deixa levar. E eu amo isso, temos quase o mesmo papo e é por isso que eu venho, se dependesse do resto da minha sala eu nunca mais estudaria.

- Eae Karina!!!- falei assustando ela.

- Merda!!! Você sabe que eu não gosto que me assustem!!!- gritou irritada comigo.

-Nossa, desculpa aí, bravinha...

-Não mano, hoje eu to puta, mas puta mesmo. A minha mãe não parou de encher o meu saco hoje!!!

-Mas porquê?

-Por que eu não queria tomar café da manhã !!!

Era ótimo acordar com essas irritações, a mãe dela sempre pegava no seu pé o que não era diferente da minha, mas como ela se irritava que era ótimo.

-Bom, hoje eu acordei e meus pais estavam dormindo...

-Sorte a sua.- comentou bufando.

-Não esquenta, a sua mãe não é diferente da minha.- tocou o sinal.

Então entramos, logo depois do portão temos as catracas, que identificam a sua digital e enviam uma mensagem para seus pais avisando que você realmente colocou os pés na escola. Eu nunca pensei ou matei aula, não vejo vantagens em ficar vagando a cidade a manhã toda, até porque meus pais estão sempre circulando por aí e eles provavelmente comeriam meu fiofon com colher de sobremesa. Subimos a escada e entramos na sala de aula, minha mesa é a penúltima da última fileira da direita para a esquerda.
Eu odeio o meu lugar, sentar no fundo é a pior opção ( se é que você tem opção ) para quem quer prestar atenção na aula e passar de ano sem recuperação. Sentar perto do Pedro e da Moreira é o fim do mundo, são dois retardados filhos da mãe que não calam a boca um segundo na vida. Mas meus pensamentos foram interrompidos quando ele entrou naquela sala, sim, na minha sala !!!

Onde você foi quando deixou este planetaOnde histórias criam vida. Descubra agora