Hey Angel

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I wish I could be more like you, do you wish you could be more like me?

Lá estava ela, bem como em todas as segundas, quartas e sextas.

Lá estava ela, andando de um lado para o outro em sua sala colorida, com seus longos cachos ruivos volumosos e um simpático sorriso no rosto, analisando os desenhos que seus alunos faziam, olhando grafite por grafite. Seu braço tatuado estava sujo de tinta e sua camisa oversized era quase como se fosse uma tela de tão manchada. As vezes ela parava e encarava o trabalho de um aluno, dava uma dica ou outra, mas na maioria dos casos, ela apenas passava e elogiava, procurando voltar a atenção para os mais novos que pareciam ter mais dificuldades.

Olivia achava tudo sobre aquilo completamente incrível. Sobre o grafite, no caso. As cores eram estonteantes, as obras, os desenhos que eles eram capazes de criar, a mensagem que conseguiam passar, todo o pensamento por trás de cada placa grafitada, tudo sobre aquilo lhe era extraordinário, a forma como a arte podia ser manifestada. Ela sempre quis fazer grafite, desde que entrara no estúdio quando pequena, mas seu pai nunca fora a favor da ideia, sempre lhe disse que não ia gastar dinheiro em aulas de pichação. Ele não era capaz de ver a arte, a mensagem. Mas Olivia não só via como sentia, porque Olivia era capaz de ver arte em tudo e qualquer coisa.

Não demorou muito para que a garota ruiva percebesse sua presença na porta da sala, e como sempre, lhe chamou com um aceno de cabeça, convidando-a a participar. Olivia sorriu timidamente e negou, bem como negava toda segunda, quarta e sexta, muito para o desprazer da jovem professora que via em seu rosto a vontade de pegar um jet e explodir numa placa em branco.

[...]

Quarta-feira e lá estava Olivia marcando seu lugar, escorada no batente da porta da sala de grafite outra vez.

A turma estava mais vazia e a professora dos cachos ruivos desgrenhados estava tão concentrada grafitando como cada um de seus alunos. Ela estava sentada no chão com as pernas cruzadas, concentrada no que parecia ser um detalhe crucial de sua obra, arrastando-se vez ou outra para alcançar certos pontos diferentes da grande placa. Seu rosto inteiramente salpicado por sardas estava franzido, sério e focado. Ela estava muito concentrada para notar a presença da garota na porta, foi o que Olivia pensou.

-Ei, um pessoal faltou hoje, tem um monte de placa e jet sem dono por aí. -A ruiva gritou de seu lugar, sorrindo para Olivia.- Você pode tentar se quiser.

-Não, valeu. -Olivia respondeu com o mesmo sorriso educado de todos os dias e a garota lhe encarou por alguns segundos, dando de ombros por fim e voltando a atenção para sua placa.

[...]

Na quarta-feira seguinte, Olivia não se conteve em seu lugar de sempre no batente da porta e acabou por entrar na sala de grafite, completamente fascinada com o trabalho de um garoto esguio que só podia estar no auge de sua pré-adolescência. Era ela. Ela mesma, Olivia Mae Johnston, a própria, desenhada na placa do garoto com tantas cores e detalhes que parecia prestes a ganhar vida em qualquer segundo. O garoto a grafitou com seu collant de bailarina, no meio de um giro, e seus cabelos soltos, lisos e castanhos, pareciam acompanhar o movimento. Ela estava completamente hipnotizada. Queria chegar mais perto, mas não queria que o menino percebesse a sua presença.

-Você é uma espécie de musa na minha turma. -A professora ruiva murmurou e Olivia saiu de seu transe num susto, virando-se de costas para encará-la.- Eles sempre falam de você.

-E-eu... Eu... Bom... -Olivia gaguejou, ganhando mais um largo sorriso da mulher.- Eu não fazia ideia.

-Você aparece todos os dias, é quase como se fosse parte do squad.

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