I told her that I loved her, was not sure if she heard
É claro que Olivia mentiu sobre seus sentimentos. Ela não podia simplesmente despejar tudo que sentia sobre Maven e arriscar perder o que tinha com a jovem mulher, ela era covarde demais para se arriscar, preferia trancafiar-se em sua concha. Quando os olhos verdes encararam os seus castanhos, ela não conseguiu simplesmente admitir, ela negou e riu, como sempre fazia com tudo e qualquer coisa que lhe deixasse nervosa.
Apaixonada por você? Maven, você acha que eu sou uma pré-adolescente? Foi o que ela disse. Ela disse que gostava de Maven e Maven disse que gostava dela e elas tiveram a mesma conversa de sempre sobre a impossibilidade de um compromisso, os sentimentos atrasados de Maven, a mesma ladainha de sempre.
Mas a mentira tem perna curta e o destino prega peças.
Apesar de negar estar apaixonada pela professora de grafite, a garota não conseguia mais agir da mesma forma ou tratá-la do mesmo jeito, estava completamente vulnerável e por consequência acabou se distanciando. Elas acabaram se distanciando emocionalmente, não teve outro jeito.
[...]
Por mais cansada que ela estivesse não poderia simplesmente deixar de estudar, as provas já estavam batendo em sua porta. A garota bufou e abriu o caderno, se pondo a reproduzir o triângulo descrito no enunciado para melhor resolver a questão.
Era muito mais difícil estudar sem Maven, mas conforme os dias estavam passando, o choque de realidade também vinha de companhia: a mulher não estaria com ela na hora de fazer a prova. Então, ela se forçava a tentar mesmo os assuntos que menos tinha afinidade, passando horas a mais estudando e fazendo exercícios, conferindo gabaritos comentados na internet até que entendesse o que estava fazendo.
Estava tão concentrada que nem percebeu quando a professora de grafite se aproximou, sentando na cadeira de frente para a sua:
-Você está fazendo matemática sem mim? -Ela perguntou fingindo-se extremamente ofendida e a garota riu fraco, levantando o rosto para sorrir-lhe numa saudação muda.
-Tempos desesperados exigem medidas drásticas. -Olivia disse num sorriso a contragosto e a professora de grafite fez careta, sabendo muito bem o quanto a menina odiava matemática.
-Eu posso fazer o jantar pra melhorar o seu dia, o que acha? -A proposta veio num tom sugestivo e a garota arqueou uma das sobrancelhas, rindo em seguida, mas logo negando com a cabeça.
-Eu não posso, eu realmente tenho muita coisa pra fazer, os simulados começam agora. -Murmurou de forma desanimada e a ruiva fez bico, mas não insistiu, apenas puxou outra apostila para corrigir o que ela já havia feito.
[...]
A ruiva falava empolgadamente, mas Olivia não ouvia uma palavra sequer, estava deveras perdida dentro de si mesma para ouvir alguma coisa.
Quando ela olhava para Maven, parecia que uma verdadeira tempestade tinha início dentro de si com um redemoinho de sentimentos que ela desconhecia por completo. Ao mesmo tempo em que o seu coração se acelerava e ela se sentia a garota mais sortuda do mundo por estar encarando aquela mulher seminua há passos de distância, ela também se sentia sufocada dentro de si por não poder colocar tudo o que sentia para fora com medo de assustá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Made in the A.M.
Non-FictionOlivia John é só uma garota, uma jovem adulta no seu ano de vestibular enfrentando um turbilhão de conflitos internos ao mesmo tempo em que se desdobra em mil para conseguir viver fazendo o que ama: música. Ela não é como Maven, uma mulher independe...