Lollipop

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Minha primeira escola. Eu espero que não seja a última até o dia do meu aniversário.

Sabe, ás vezes eu penso: Será que Deus realmente queria essa vida pra mim? Será que eu fui uma pessoa tão má em vidas passadas e agora esse é o meu castigo? E será que Deus existe?

São tantas perguntas.

E todas sem respostas.

Mal pus os pés nessa na escola e já sinto os olhares de desaprovação em mim.

Não é como eu já não estivesse esperando essa reação ou me acostumado com as pessoas me excluindo sempre, mas a culpa não é delas.

Eu que nasci essa aberração.

Chequei a hora no meu relógio e vi que cheguei cedo demais. Meu tio é incrivelmente pontual. Isso me irrita.

O caminho inteiro, da minha casa até o colégio, uma voz dizia “Você pode conversar com alguém lá, Hoseok, nem todos que moram aqui são iguais”. 

Ainda resta esperança.

Vou até o gramado que fica na frente da escola. Sentei-me na grama verde e recostei em uma árvore que me dava sombra.

Fiquei um tempo de olhos fechados, apenas sentindo o vento no meu rosto, como se ele pudesse levar tudo de podre que existia em mim.

Suspirei e abri meus olhos. Peguei um livro qualquer que tinha dentro da minha bolsa abri em uma página aleatória e comecei a ler.

 

“The realms of day and night, two diferente worlds coming from two opposite poles mingled during this time”


 

- Oi, posso me sentar aqui também?

Fui interrompido por uma voz grossa, o olhei com o meu melhor olhar de simpatia, acenando positivamente com a cabeça.

Era um garoto alto, o cabelo num tom louro escuro e usava óculos. Tinha lábios grossos e dentes perfeitamente alinhados. Quando sorria, covinhas formavam-se em suas bochechas.

- Você está lendo Demian? Esse livro é incrível – falou animado, sentando e colocando a sua mochila sobre as pernas. Sorri pra ele e disse:

- É sim, na verdade eu comecei agora, estou esperando o tempo passar pra entrar logo – ri.

- Você é novo aqui?

- Sim, sim. Você provavelmente me conhece.

- Conheço? – perguntou confuso.

- Olha em volta – sinalizei o indicador desenhando um circulo imaginário, o fazendo com que olhasse ao redor.

Ele franziu o cenho e girou o corpo, olhando as pessoas que passavam a nossa volta, percebendo os olhares negativos que pousavam em mim.

- Eu não entendo... Por que estão olhando assim pra você?

- Eles não gostam de mim.

- Isso eu consegui perceber – falou sem grosseria em sua voz - Mas por quê?

Suspirei. Não achei que alguém aqui não soubesse. Talvez eu pudesse confiar nele, mas não tão rápido.

- Sabe o cara novo na cidade que é satanista? – apontei para mim com os polegares.

É ridículo me chamar desse jeito, mas é como me identificam aqui.

- AAAAH! – exclamou, me assustando – Você é o sobrinho do Hyung Sik? – bateu uma palma - Agora eu entendi

The Conjuring • myg + jhsOnde histórias criam vida. Descubra agora