07 | Hong, a personificação da ganância

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"Hong nasceu dois anos depois de mim, o que me tornou o primogênito de Grareb. Logicamente, quem receberia o trono, seria o mais velho.

Porém, Hong nunca gostou dessa ideia. Vez ou outra ele sugeria duelos e testes para que pudesse provar ao nosso pai que era melhor que eu. Só que eu nunca me superestimei, nem me achava melhor que ninguém. Afinal, um rei nunca deve fazer tal coisa.

Hong já tentou me matar uma vez, quando tínhamos 14 anos. Eu não contei ao nosso pai, pois queria que Hong percebesse que havia algo obscuro em seu coração e conseguisse melhorar sozinho.

Mas eu o devia ter denunciado ao pai.

Anos se passaram, e Hong continuou com o semblante e atitudes superestimativas, sempre se pondo sobre outro indivíduo. Até que meu pai cansou-se desse comportamento e o expulsou do castelo.

Até onde sei, Hong foi exilado na província vizinha, em Alestria. A minoria daquele povo tem rixa com nosso reino. E foi nisso que meu irmão se apegou: o ódio de uma minoria desamparada.

Agora você se pergunta onde entra, Wonie.

Antes de a guerra começar, você e Changkyun viviam aqui, no castelo. Você era meu príncipe, e nos casaríamos em breve. Posso dizer que era uma vida perfeita... menos para Kihyun, que não tinha seu amor correspondido. Ou era o que pensava.

Um dia, eu resolvi falar com Changkyun sobre Kihyun. Seu melhor amigo ficou tímido, as bochechas enrubesceram, e eu logo soube o que estava havendo: eles se gostavam, mas não diziam nada.

Você deve não se lembrar, mas quem deu o primeiro empurrão foi você: disse a Changkyun que ações compensam as palavras não ditas.

Onde você aprendeu frases tão belas? Eu não sabia. Mas em uma noite, antes de dormirmos, você me disse que adorava contos romancistas, e eu tentei ler um uma vez. Se lembra? Você pegou no meu pé por meses porque eu estava imitando um de seus personagens favoritos.

Talvez não se lembre agora, mas talvez suas memórias voltem com o tempo.

A guerra teve seu estopim quando minha mãe faleceu. Ela foi envenenada por uma das criadas alestrianas, e meu pai declarou guerra. Fomos os primeiros a atacar, e o estranho foi que nenhum soldado de Alestria revidou.

Fomos tolos.

Dias se passaram, e então, em uma noite calma e tranquila — a qual terminávamos nosso banquete —, eles atacaram. Não eram dezenas, nem centenas. Eram milhares.

"Mas nós dizimamos todos os soldados alestrianos", foi o que meu pai pensou. A verdade é que Hong era baixo, não tinha pudor. Ele aprendeu magia negra, e além de ressuscitar os soldados por nós mortos, ressuscitou criaturas horrendas, as quais até hoje não sabemos os nomes. Graças a isso, bruxas vieram para o nosso lado, já que todas estavam desagradadas com tais atitudes e Hong mexia constantemente com o equilíbrio natural. Dahyun é uma bruxa que serve o castelo, por falar nisso.

Hong não queria só o trono. Ele queria minha morte, e a de meu pai. E após isso, ele queria você, Wonie.

Dahyun foi quem salvou você e Changkyun: com um portal, deixou os dois em Seul, para que vivessem sem se lembrar daqui, sua casa. Criou uma rotina, uma família, tudo para vocês não se preocuparem com o inferno que havia se instalado em Grareb.

Eu e o exército lutamos, e felizmente, repelimos o ataque de Hong. Mas ele continua exilado e com aliados em Alestria.

Anos se passaram, e você e Changkyun se acostumaram tanto com a vida monótona com os mundanos, que esqueceram-se de Grareb. Queria saber como estavam, então, pedi para que Hyunwoo e Minhyuk ficassem de olho em vocês por um tempo. Só que eu não me aguentei e quis ver como estavam.

Então eu e Kihyun fomos até vocês aquela noite. Quando eu te vi, controlei para não te beijar ou te abraçar. Eu queria dizer que estava feliz de te ver e saber que estava bem.

Querendo que você se lembrasse, te mostrei Blume, a planta que mais tem por aqui. Mas você achou que eu estava bêbado, Wonie. E aquilo me entristeceu.

Minutos depois, Dahyun me disse que você corria perigo junto de Changkyun, caso continuassem em Seul: Hong ainda não tinha desistido. Então passei a noite te vigiando, para que no dia seguinte, te trouxesse para casa."

— E agora você está aqui, na minha frente, segurando esse abajur, querendo me acertar com ele. Wonie, eu não sou louco. Você que foi enlouquecido em Seul — finalizou Hoseok, após terminar de contar toda aquela história.

BLUME 「 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora