18 | É hora do massacre

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Hong e seu amigo nos observavam, mesmo depois de o Shin mais velho ter dito aquilo. Eu estava em um misto de indecisão e hesitação, devia atacar ou esperar alguém que esfaquear pelas costas quando eu menos esperasse?

Hoseok chiou e afastou meu braço de seu corpo. Com isso, toda minha alma foi embora, e com ela, meu medo. Hoseok estava lutando, eu deveria fazer o mesmo. Foi por isso que quando a batalha entre os irmãos foi travada, ataquei o amigo de Hong. Ele tinha somente uma adaga na canhota, mas manejava aquilo como se fosse a arma mais poderosa do mundo. Sua pose de batalha era limpa, não consegui prever seu movimento, graças a isso, a lâmina acertou meu braço quando desviei por pouco daquele ataque.

Eu cambaleei para o lado, deixando minha espada cair diante de meus olhos amedrontados por causa do comparsa de Hong, o qual chutara minha arma para o lado, me deixando ainda mais indefeso.

Hoseok e Hong lutavam extremamente concentrados, raramente faziam ruídos além dos que suas espadas faziam. Mas foi graças ao meu desespero que Hoseok percebeu que eu estava em apuros. E foi por minha causa também que ele foi desarmado por Hong.

— Vocês continuam patéticos — Hong se pronunciou. O comparsa dele riu após a fala e ajoelhou-se próximo à mim. Eu tinha duas opções: morrer ou matar. E para o azar desses dois, eu escolhi a segunda opção.

Dei uma rasteira no amigo de Hong, fazendo com que ele derrubasse sua arma, e corri até a minha espada. Em seguida, a manejei e, sem pensar duas vezes, a finquei no coração daquele homem. Hoseok gritou, mais por surpresa de me ver atacando alguém do que por felicidade — felicidade por eu ter tomado uma atitude, talvez.

Retirei a lâmina do corpo do garoto e o vi cair, seus joelhos se chocaram com o chão e seu pálido cadáver abençoou a grama verde. Engoli em seco. Eu matei alguém. Eu não hesitei, eu apenas o fiz. Girei os calcanhares e olhei para Hoseok, que continuava imóvel e indefeso. Hong também estava surpreso, mas talvez ele tivesse algo com o garoto e por isso apertou com mais força sua espada.

— Eu vou arrancar sua cabeça do seu corpo, Hyungwon — Hong disse entredentes. Claramente a ira o consumia.

Quando as pessoas estão com raiva ou cegadas pelo ódio, tendem a tomar ações precipitadas. Com Hong não foi diferente. A única coisa que precisei fazer foi desviar de seu ataque impensado e corri até Hoseok, o ajudando a se levantar.

— Vou acabar com todos vocês, como devia ter feito há anos atrás! — esbravejou. Molhei os lábios e olhei para Hoseok, o qual havia acabado de pegar sua espada. Ele apontou o metal reluzente para o irmão e sorriu. Um sorriso que eu nunca havia presenciado antes, parecia sádico e cheio de assuntos pendentes; estava ali, na minha frente, Shin Hoseok, o homem selvagem e sem pudor.

— Tente — Hoseok respondeu. Com isso, dei um passo para trás, afinal, era uma batalha deles, eu não tinha o direito de intervir. Mas não foi por isso que baixei minha guarda, talvez Hong ainda tivesse cartas na manga.

Ou talvez eu devesse fazer algo ao invés de ficar em pé observando o jardim esperando alguém aparecer das folhagens do labirinto. Eu devia fazer algo, eu devia proteger meu reino, eu devia ter bolado um plano com Hoseok no caminho até aqui, eu devia ter pensado nas consequências desse meu ato ridículo de trazer o inimigo até minha moradia, eu devia...

Eu devia ter observado e sentido a presença de um terceiro atrás de mim. Se eu tivesse feito isso, talvez eu não teria sido esfaqueado.

[...]

Minha audição estava confusa, meu coração batia rápido e minha respiração estava completamente desregulada. Eu faltava engasgar com meu próprio desespero e minha dor.

Doía. Mais do que eu podia aguentar. Até o piscar de olhos doía. Meu sangue escorria pela ferida feita por um traidor sobrevivente, e encharcava as mãos de Hoseok — como se não bastasse suas lágrimas encharcando seu rosto macio.

Eu estava no colo de quem eu amava, com medo da morte, mas ao mesmo tempo preparado para ela.

Eu, Chae Hyungwon, um plebeu que tornou-se a paixão de um dos príncipes de Grareb, estava envolto pelos braços quentes do homem mais belo que eu já havia visto. Não só envolto por músculos que transmitem paz, mas também ciúmes, como se eu fosse a blume mais chamativa do reino.

Toquei a bochecha de Hoseok e a acariciei, afinal, aquele seria o último contato que eu teria com o amor da minha vida.

BLUME 「 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora