13 | Uma batalha entre os Shin

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Hong era alto, muito alto. Mais alto que eu, e bem mais robusto que Hoseok. Ele carregava uma espada, que eu julguei ser muito pesada, mas talvez aquilo fosse como carregar uma pena para ele.

— O que faz aqui, Hong? — Hoseok perguntou. Apertava tão forte as adagas que pensei que suas mãos fossem sangrar.

— Fiquei com saudades — sorriu sínico — e fiquei sabendo que meu cunhado voltou para casa. Eu tinha que prestar minhas saudações, não acha?

— Você não vai tê-lo, Hong.

— Hoseok, sempre tão ingênuo. Eu não quero Hyungwon. Eu quero o benefício que vem com ele.

— E o que seria?

Arqueei a sobrancelha, e acho que Hoseok fez o mesmo. Em um piscar de olhos, eu não mais estava atrás de Hoseok, mas sim ao lado de Hong, que sorria largamente, exibindo um de seus dentes de ouro.

— Seu desespero — Hong respondeu.

Quando eu ia fazer qualquer movimento para me afastar de Hong ou retardá-lo, Kihyun foi mais rápido: empurrou-o assim que chegou na porta do arsenal de armas. Cambaleei devido ao susto e Hoseok correu até mim, me segurando.

— Eu falei para você tomar conta dos outros! — Hoseok disse entredentes.

— Hyunwoo e Minhyuk estão lá. Eu sabia que você precisaria de ajuda.

Kihyun apontou a espada que tinha em seu cinto para Hong, o qual não demonstrou reação. Era como se ele previsse tudo aquilo, como se tudo estivesse fluindo da forma que ele queria.

— Os anos passam e você continua nanico — Hong disse, com um semblante ameno. Kihyun cerrou as sobrancelhas e roçou a lâmina afiada no pescoço de Hong.

— Os anos passam e você nunca aprende sua lição, energúmeno — o Yoo murmurou entredentes. Apenas agarrei o braço de Hoseok. Estava com medo, muito medo. Sentia algo dentro de mim revirar.

Olhei para Hoseok e vi sangue transbordar por uma pequena fenda que se abriu em seu pescoço. Hong havia o acertado em algum momento? Não, impossível.

— Eu aprendi minha lição, Kihyun — Hong disse, abrindo um sorriso. Ele se levantou, mas mesmo assim Kihyun não recuou.

A diferença entre os dois era enorme: enquanto Hong era alto e forte, Kihyun era baixinho e aparentava ser fraco — coisa que eu duvidava muito.

— Você acha que só existe a Dahyun de bruxa nesse mundo, irmão? — Hong indagou, a voz alta e confiante — os alestrianos também têm bruxas — sorriu. Segurou a lâmina de Kihyun e a enfiou em seu próprio estômago — leva apenas alguns segundos.

Olhei para Hoseok, que daria um passo em direção ao irmão, se não fosse pela enorme dor que sentiu em sua barriga. Então, eu entendi, graças aos inúmeros livros que li: ele uniu sua alma à de Hoseok. Se um morresse, o outro também morreria.
Esperto, mas não tanto.

— Hoseok, me desculpe — sussurrei antes de bater o cabo de minha espada em sua cabeça e ele desacordar.

Kihyun me olhou, assustado. Hong caiu no chão também, e aquilo assustou ainda mais o pequeno Yoo.

— Isso não vai durar muito tempo, chame Hyunwoo e me ajude a tirar Hong daqui — falei e Kihyun assentiu, correndo para fora do arsenal em seguida.

Pelos tilintares das espadas, supus que ainda batalhavam, e que não tardaria para acabar, já que haviam guerreiros entrando no palácio. Me ajoelhei perto de Hoseok e coloquei sua cabeça em minhas coxas assim que me sentei. Acariciei seus fios e o encarei: tão belo e tão frágil.

Era a minha vez de protegê-lo.

[...]

Os guardas retiravam os corpos de dentro do palácio e os colocavam em carruagens, para queimá-los em vilarejos abandonados, próximos ao território dos alestrianos.
Kihyun aproximou-se com Changkyun ao seu lado, e reverenciou.

— Chang, está bem? — perguntei quando o abracei. Ele me apertou com força, e eu sabia como ele estava se sentindo — Kihyun, deixaram Hong na prisão em Alestria?

— Ele acabou de chegar lá. Iremos o prender com correntes e feitiços dessa vez — ele suspirou — mas Hong sempre volta.

— Eu vou proteger o reino dessa vez, Kihyun — murmurei, querendo acreditar na minha própria mentira — Hoseok está no quarto?

— Está. As enfermeiras estão cuidando do golpe que você deu.

— Foi necessário! — bradei.

Kihyun gargalhou, assentindo.

— Tem como tirar aquela magia de Hoseok? — o Yoo perguntou. Molhei os lábios antes de suspirar em descrença.

— Acha que Dahyun pode nos ajudar?

— Ela deve muito ao reino. Ela e as outras bruxas. Temos que encontrá-las logo.

— Alteza! — Hyunwoo me chamou após descer o último degrau da escada — Hoseok acordou.

Changkyun, ainda abraçado a mim, me olhou.

— Fique com Kihyun, vou falar com Hoseok — sussurrei e dei-o um beijo na bochecha. Acompanhei Hyunwoo pelos corredores até o quarto de Hoseok. Ele abriu a porta e me deu passagem, prostrando-se em frente à porta após fechá-la.

— Wonie... — sua voz estava fraca. Me rendi à sua manha e corri até ele, me sentando ao seu lado na cama — o que aconteceu?

Passei a mão por seus fios e suspirei.

— Nós precisamos conversar, Hoseok.

BLUME 「 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora