Capítulo 14

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Espera... Delegacia?! Ele acabou de falar delegacia?!

– O que você disse? – indago, desacreditada.

"Poderia vir me buscar na delegacia?"

Encaro fixamente a parede a minha frente, esperando que a ficha caia, mas ela não cai. Olho para o visor do celular, só para conferir que não estou sonhando, mas a ligação correndo e a voz do garoto do outro lado da linha chamando o meu nome acaba com essa possibilidade. Totalmente.

– Você está de brincadeira comigo, não é?!

"Olha... Eu até queria, mas não estou."

– Meu Deus, garoto, o que você fez?

"Desculpe, mas esse não é o melhor momento para explicar" – suspira – "Será que poderia vir o mais rápido possível?! O delegado não parece estar com muita paciência."

– Puta que... Tudo bem, tudo bem. – respiro fundo – Me diga o endereço.

Salto da cama atrás de papel e caneta, e trato de anotar logo o que ele diz. Sem perder tempo e com uma vontade imensa de dar uns tapas naquele moleque, pego o primeiro jeans que encontro no armário, visto um moletom sobre a blusa do pijama, prendo os cabelos em um rabo de cavalo e enfio a carteira no bolso juntamente com o celular.

Saio do quarto às pressas e vou direto para a porta de Manu, pedir emprestado as chaves do carro, pois à essa hora só conseguirei chegar rápido na delegacia se for dessa maneira. Bato uma, duas, três vezes e nada. Bato outra, espero e nada.

Será que já está dormindo? Encosto a orelha na porta e só o que consigo ouvir é o som alto da televisão.

Minha amiga e essa mania de dormir com a TV ligada.

– Manu, acorda! Eu preciso falar com você, é urgente!

Chamo e, outra vez, nada. Bufo.

Que o universo me dê paciência para esse sono pesado da Manuela.

Irritada e com o tempo contado, vou atrás dos meus tênis. Corro de volta para o quarto e me abaixo para resgatar o par de All Star's debaixo da cama, porém, me assusto com o barulho alto de algo caindo no quintal, bem próximo as janelas dos quartos, tanto que bato com a cabeça no estrado da cama tamanho o susto.

Mesmo receosa com o que possa ser, me aproximo da janela para espiar através da cortina enquanto passo a mão na cabeça para amenizar a dor e tomo outro susto ao ver Sebastian Wylie atravessar o portão de casa e correr rua à fora.

O que raios esse garoto estava fazendo aqui? Ou melhor, por que esse garoto acaba de pular a janela do quarto da minha amiga?

Atônita, observo-o cruzar para o outro lado e desaparecer na esquina, indo em direção de qualquer lugar que não sei e como em um passe de mágica, Manuela surge na entrada do quarto com a expressão mais descarada que já vi na vida.

Ofegante e com os cabelos desarrumados, a blusa vestida do avesso, e sorrindo como se nada tivesse acontecido. Que cara de pau!

Lanço meu olhar acusatório e nos confrontamos por um instante, mas basta eu cruzar os braços para que ela suspire e solte tudo:

– Você viu, não é?!

– Óbvio que eu vi! E como não iria ver, se o garoto fez um barulho desgraçado quando pulou da janela e chamou a atenção da rua inteira?!

Ela fica calada, talvez amaldiçoando o fato de Sebastian ser tão atrapalhado.

Respiro fundo, tentando manter a calma. Como se não bastasse o pirralho que tenho que buscar na delegacia, agora tenho que lidar com outro que, "supostamente", está visitando o quarto da minha amiga a noite e sabe-se lá desde quando.

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