Renan: Aquela morte ainda não sai da minha cabeça – falava para si mesmo enquanto passava as mãos freneticamente pelos seus cabelos – como eu fui capaz de participar de uma loucura dessas? Eu acabei com a minha vida e ajudei a acabar com a vida de uma pessoa inocente.
Policial: Qual foi rapaz? Você já ta liberado, pode ir embora e seguir a sua vida de merda novamente, só espero não te encontrar aqui de novo, porque dessa vez a sua pena não será reduzida e eu faço questão de aumentá-la só para foder com sua vida ainda mais. – disse ele me encarando com uma cara irônica e nojenta ao mesmo tempo – Vai demorar pra sair ou vai querer ficar mais dois anos preso? Sai logo filho da puta!!!
Renan: Filho da puta é você! – mostrei o dedo do meio para ele e ri.
Policial: O que foi que você disse?
Renan: Muito obrigada pela oportunidade de conhecer um policial tão dedicado ao serviço quanto o senhor. – sorri esnobe.
Policial: Acho bom mesmo.
Ao sair da prisão e dar de cara com aquela cidade que eu sentia muita falta, estava de volta a Sampa, finalmente. Virei de frente para aquele lugar imundo e gritei “pau no seu cu, otário”, eu precisava gritar aquilo. Me libertei da prisão, queria me libertar dessa vida inútil e daquela cena que jamais saíra da minha cabeça. Eu só queria saber de reconstruir tudo aquilo que perdi um dia, fazer uma faculdade, trabalhar, ser um novo alguém. Cansei desse mundinho de bandido, que só porque a pessoa nasceu e cresceu no morro não pode seguir um caminho diferente, e seria isso que eu iria fazer, mostrar para todo mundo que com trabalho honesto tudo é capaz. Chega de infelicidade e de machucar o coração dessa gente inocente. Chega!!!
Tem horas que sonho em visitar a casa do cara que eu ajudei a matar e implorar por perdão. Eu só quero é me redimir de todas as besteiras já cometidas e espero um dia ser perdoado. Minha vida aqui em Sampa estava toda fodida, não arrumaria nada por aqui, decidi morar em outro lugar, dar um basta no meu passado e iniciar uma nova fase num lugar diferente.
Cheguei em casa e minha tia com um abraço terno chorava no meu ombro e dizia o quanto sentiu a minha falta. Dei um beijo em sua testa e disse o mesmo a ela.
Renan: Me perdoa por essa besteira que eu fiz, quero mudar, só que vou ter que dar um tempo desse lugar, estou pensando em morar no RJ.
Tia: É claro que eu te perdoo meu amor... Mas em que lugar você irá morar?
Renan: Isso eu me viro, é o de menos tia Tereza.
Tia Tereza: Não é o de menos não, você precisa arrumar um lugar para morar e eu não vou deixar você viajar sozinho. Irei contigo procurar um lugar para morar e um emprego, porque sei que precisará disso. – me deu um beijo na testa e continuou seu discurso – Arrumaremos nossas bagagens hoje e amanhã cedinho já vamos viajar.
Renan: Com que dinheiro tia?
Tia Tereza: Ué, você ia sair sozinho de casa e sem dinheiro algum no bolso, eu tenho minhas economias.
Renan: Não mexe nesse dinheiro tia.
Tia Tereza: Renanzinho, esse dinheiro não é meu, ele é seu. Sempre quis que você tivesse uma faculdade e a partir dos seus 6 anos comecei a guardar todo mês para você e sua prima R$50,00 na poupança de cada um. Então como irás viajar, nada mais justo do que pegar esse dinheiro para ajudar nas despesas.