Estava atravessando a rua para ir ao barzinho que fica no condomínio fechado em que eu moro e para piorar tudo, um carro estava vindo em minha direção e fui atropelada, não foi nada muito grave, porque logo me levantei. Infelizmente tive que admitir que a culpa foi toda minha, pois eu não estava com os fones em cada ouvido e nem dei atenção ao atravessar. Lógico que eu havia ficado furiosa demais, fiquei com um corte horrendo na minha testa.
Xx: Você deveria olhar mais por onde anda, principalmente quando for atravessar a rua. - dizia ela com raiva - Eu poderia ter matado você garota. Sua mãe não ensinou que...
Verônica: Você que cale muito bem essa sua boca antes de falar da minha mãe. - não olhei para ele um momento sequer, estava de costas, não queria saber quem era o tal idiota que teria feio isso - Deu, já passou. Agora vai embora.
Xx: Não, eu não vou embora até você deixar eu ver se está machucada. Vira para mim. - obedeci - Ah, era só o que me faltava.
Verônica: Nossa, Cauê não sabia que você me odiava tanto.
Cauê: Você que é tonta o bastante para não olhar os dois lados antes de atravessar a rua.
Verônica: Não interessa. Você deveria ter parado o carro e andar mais devagar.
Cauê: A culpa é dos dois. Entra no meu carro que eu te levo até sua casa.
Verônica: Não precisa, sei me virar muito bem sozinha. - dei o primeiro passo e caí no chão - Droga!!!
Cauê: Você vai parar de ser teimosa.
Cauê me pegou no colo e foi me colocando dentro do seu carro contra a minha vontade, eu me debatia direto e ela só sabia me xingar de tudo que vinha em sua mente.
Agora eu tenho certeza de que foi de propósito, Cauê me odiava com todas as suas forças.
Verônica: Compra um isqueiro para mim primeiro.
Dei a ele meu dinheiro e fez o que o pedi. Menino obediente. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo", já dizia minha mãe. Ele estacionou o carro em sua casa e foi me tirando de lá em seu colo. Cauê não parecia um homem de palavra, tinha dito a mim que iria me deixar em casa, mas não, fez totalmente o contrário.
Cauê: Vou te levar no meu quarto e pegar algumas coisas de pronto-socorro.
Verônica: Fala sério, agora você é médico?
Cauê: Não, na realidade sou veterinário e sei cuidar de éguas bravas iguais a você. - ele sorriu ironicamente - Trabalho como salva-vidas senhorita ignorância, então sei perfeitamente cuidar de machucados, torções e entre outras coisas.
Verônica: Não quero saber. Você me chamou de égua.
Cauê: Sei que foi uma ofensa trágica para as éguas, mas infelizmente fui obrigado a falar isso. - riu - O caso é seguinte, você me espera sentada numa cadeira que tem no meu quarto, enquanto isso eu pego o que falta para limpar esse sangue que está escorrendo pela sua testa. - me carregava no colo até seu quarto enquanto falava.
Sentei em sua cama, pois a única cadeira que tinha por lá era um banco para ele desenhar os projetos de arquitetura ou engenharia, não sei e não importa. Tirei meu sapato e aproveitei para deitar naquela cama macia e deliciosa. Precisava de uma cama assim, a que está no meu quarto não é tão boa.
O quarto de Cauê era pintado de azul marinho quase preto, uma parede estava pôsteres, imagens e fotos de surf. Seu quarto era praticamente isso. Havia três pranchas penduradas nessa mesma parede dos pôsteres, juntamente com medalhas e troféus. Notei que tinha um violão largado pelo canto e milhares de projetos arquitetônicos jogados pelo quarto. Cauê não parecia ser uma pessoa muito organizada, principalmente quando notei uns seis pares de roupas jogadas pelos cantos.