CAPÍTULO 8: Lorena Bonnet narrando

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Tudo estava mudando na minha vida, desde meu avô que estava prestes a falecer até o momento em que eu deixo minha namorada na França para estudar em outra universidade. Queria pelo menos tê-la ao meu lado para me dar apoio, conforto e me animar um pouco mais. Eu estava triste e parcialmente sozinha.

Meu primeiro dia na faculdade só não foi horrível porque fiz amizade no fumódromo da universidade com uma garota chamada Verônica. Temos muita coisa em comum, talvez pelo fato de termos descendentes brasileiros e morarmos fora desse país por tanto tempo. Não menosprezo o Brasil, até que sinto orgulho de ter o sangue brasileiro correndo em minhas veias, o único problema é a falta de caráter do nosso governo. Se não fosse isso, talvez pudesse ser um país melhor e que desse mais orgulho aos seus habitantes. Brasil para a maioria dos franceses é conhecido como país da corrupção, país do futebol e o país do carnaval, e ainda há aqueles que acham que somente isso importa para o Brasil ir para frente.

Mas não é sobre isso que eu quero falar. Vamos voltar a minha nova amiga Verônica. Não imaginaria que seria possível fazer amizade com uma pessoa em um fumódromo. Estávamos sem isqueiro nós duas, confesso que havia ficado desesperada com tudo isso, eu precisava fumar naquele exato momento. Lógico que eu estava tentando parar, mas é meio complicado quando você fuma desde os seus 15 anos. Verônica saiu atrás de algum isqueiro e não sei com quem ela conseguiu, apenas salvou o meu dia com aquele isqueiro das cores do reggae cheio de desenhos com a folha da maconha. Fazia tempo que eu não fumava maconha.

Quando eu estava morando na França, sempre tinha uns baseados guardados na minha gaveta, claro, num esconderijo, não queria que meus pais descobrissem isso de jeito nenhum. Me drogava com outros tipos de droga, mas não por dependência, e sim por curtição. Aproveitava que minha namorada era idêntica a mim e isso ajudava bastante nossa convivência.

Minha mãe achava estranho eu me relacionar com uma mulher. Diferente, seria a palavra certa. As vezes ela me perguntava o motivo de eu preferir mulheres do que homens, e a minha resposta era simples. Decepção. Me decepcionei tantas vezes com um rapaz e não consegui mais me relacionar com homem algum. Desde as mentiras até as verdades, que por sinal eram mentiras bem boladas.

Wanessa, minha namorada, não gostava de mentiras, sempre fomos muito verdadeiras uma com a outra, nosso relacionamento era a base de verdade, mesmo sabendo que algumas coisas magoariam a outra. Verdades são verdades.

Sentia a sua falta a cada passo que dava em meu apartamento. Estava morando sozinha e sentindo a sua falta. Acendi um cigarro para aliviar os pensamentos. Decidi ligar para ela, mas com o fuso horário teria que ver um momento melhor. Talvez ela estivesse dormindo ou na aula. Não presto atenção em fuso horário, na realidade nunca gostei. Achava sempre que deveria ser a mesma coisa em todos os lugares, seria muito melhor se fosse assim.

Curso publicidade e propaganda, sempre gostei dessa área e pretendo muito me aperfeiçoar. Preciso ser alguém na vida, não quero depender do dinheiro dos meus pais e muito menos da herança do meu avô. Se dependesse de mim ele seria eterno, assim como todas as pessoas que amo.

Recebi uma mensagem de Wanessa que dizia:

"Olá meu amor, não esqueça que estou morrendo de saudades de você. Je t'aime."

Eu havia ensinado português a ela, e ela um pouco mais de francês a mim.

Wanessa era a namorada perfeita, qualquer homem me invejaria. Respondi sua mensagem rapidamente e fui dormir, pois precisava acordar cedo para visitar o meu avô que estava no hospital

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