Introdução

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Alexis Korbone Castillo Barton, a garota dos cabelos ruivos ondulados, olhos verdes e um nariz arrebitado. Meu pai dizia que eu era a coisa mais linda do mundo, sempre soube que era mentira, mas gostava de fingir que ele estava certo. Sempre fui filha única, meu pai sofreu um acidente de cavalo quando eu tinha nove anos, desde então ele não saía da cama. Seu rosto empalideceu com o tempo, seus cabelos deixaram de ser laranjas e passaram a ser brancos e seus olhos brilhantes passaram a ser lágrimas. Sua beleza já fora contagiante, só de ouvir seu nome já sorria, Gregory Castillo Barton. Sinto falta dele.
Minha mãe era o contrário, rabugenta, grossa e orgulhosa, nasceu em uma família rica, que a abandonou quando casou com meu pai. Parece que ela se arrependeu. Florence Castillo Barton, seu nome de nascença, seus pais a destituíram depois que eu nasci, porque antes disso achavam que ela ainda teria " salvação" . Nunca os conheci- meus avós - se mudaram para longe, pensei que gostariam de mim, ou não...

Morávamos em uma pequena casa no centro da cidade, onde ficava a biblioteca do meu pai, mas desde que ele morreu os negócios não tem sido tão bons, ele que fazia propaganda e alegrava o lugar. Ele gostava de ler livros, quando leio me sinto bem, como se estivesse ao seu lado, leio enciclopédias e livros clássicos, romances e fantasias. Minha mãe já não liga para biblioteca, ou para mim, vive bebendo e toda noite apareciam homens em casa, fazem muito barulho, então durmo na biblioteca lendo. Nunca é o mesmo, e minha mãe cobra por ficar com eles, me sinto desconfortável, e a única vez que invadi o quarto, pedindo que parassem ela me bateu tão forte que cai no chão, disse que se eu entrasse novamente teria que ficar ali observando de boca fechada, porque quando eu crescesse teria que render dinheiro. Chorava escondida porque não queria guardar a dor e ficar com raiva dela, ainda era minha mãe.
Amava-a muito, e sei que ela me ama, mesmo sem transparecer muito. Às vezes sentia medo, mas meu pai me ensinou que devemos perdoar acima de tudo. Arrumava a casa, fazia a comida, trabalhava e dormia, minha rotina. Não tinha do que reclamar, tinha pessoas piores do que eu. Acredito que podemos ser felizes, algum dia, por mais distante que esse dia esteja...

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