Capitulo 1

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Não vou à escola desde de que meu pai adoeceu, então estudo sozinha, aprendo bem mais rápido. Trabalho e estudo ao mesmo tempo, porque ultimamente quase não vem ninguém aqui a biblioteca, o que me deixa triste.
- Vamos fechar. - minha mãe disse com um papel na mão - Não temos lucro e o rei quer o lugar de volta, não vou poder beber minha preciosa, ela é muito cara - disse abraçando a garrafa da sua pinga preferida - vou dar um jeito! Até parece uma benção em forma de maldição, não aguentava mais aquela biblioteca idiota, não sei o que seu pai via nela, o que você vê nela. - aquelas palavras me acertaram em cheio, doeram mais do que seus tapas, senti meus olhos encherem de lágrimas. - Pode parar Alexis, não criei uma menininha chorona, criei uma menina forte! Agora meu amor, busque mais preciosas para mim.
- Mãe, você ainda tem duas garrafas.
- Que vão acabar logo. Busque outra.
- Mas não temos mais dinheiro, só economias. Duzentos e trinta e dois vines, apenas.
- Perfeito! Compre quantas der.
- Como vamos... - ela me deu um tapa no rosto, fui direto ao chão chorando - Estou indo.

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Três dias depois as bebidas tinham acabado, ela surtava, gritava comigo e me espancou na parede por dizer que não tínhamos mais dinheiro, ela disse que eu não prestava para nada e que iria apelar para o pior. Fui obrigada a levá-la ao bar. Quando chegamos ela começou uma confusão com o barista.
- Quero mais das minhas preciosas!
- A senhora não tem mais dinheiro e nem nada que me interesse. - minha mãe me olhou com um sorriso malicioso, agarrou meu braço, ergueu-me e jogou-me na mesa - O que significa isso?
- Ela pode ser útil, além de ser bonita,pode render um bom casamento. É sua por uma garrafa. - agora sabia meu valor, cinquenta e quatro vines. Olhei para ela com os olhos marejados, não podia me trocar por uma garrafa, era sua filha. O homem hesitou um pouco, me olhou chorando, ele não parecia uma má pessoa.
- Feito. Tenho alguém em mente que possa querê-la, se ela for realmente prestativa vai render um bom dinheiro para o meu bolso! Toma a garrafa. - entregou a garrafa e me puxou com força. É claro, minha mãe não queria me trocar, foi obrigada, aquela não era ela, era a bebida falando, iria me encontrar quando curada - Fique tranquila, vão cuidar de você. Prometo que não vai mais sofrer. - ele pegou um pano no balcão e pressionou minha boca, não conseguia respirar, tudo escureceu.

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               Depois de algumas horas acordei com duas pessoas conversavam, nem perceberam que estava acordada, ouvi toda conversa.
- Pobre garota, tão bonita, pena que não escolhemos família. Ela vai se adaptar bem, temos outras garotas e garotos de sua idade.
- Cuide bem dela, Alexis é filha de um antigo amigo, quero ter certeza de que ela ficará bem. - era a voz do barista que me trouxe - Ela já sofreu muito nas mãos da mãe.
- Fique tranquilo, pai, ela crescerá e se tornará uma mulher incrível! - ele me olhou, pelo visto sabia que eu estava ouvindo, só não disse nada. - Vamos pequena, vai conhecer sua família, suas tarefas e lar. - ele se aproximou e me pegou no colo - E por sinal, sou Falcon.

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