Capitulo 7

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Enquanto me vestia, com um vestido empestado, refleti com quem estava me metendo, pessoas que fazem festa por um assassinato, uma vida tirada, por menos inocente que ela seja. Precisava desabafar com alguém, mas todos os que conhecia estavam ali, a única que não estava ali era... a minha mãe, como não tinha pensado antes! Encontrei um papel na gaveta e uma pena, a tinta estava em cima da mesa. Comecei a escrever uma carta para ela, pobre mulher, aposto que ela sente muita falta da família completa.

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Olá mãe,
Sinto sua falta, não sabe onde me meteu. Essa comunidade que estou não bate bem da cabeça, suponho que sejam todos loucos, comemoram a morte de uma pessoa... uma que eu matei. Por favor leia minha explicação, não fique decepcionada tão rápido, apesar de ter todos os motivos para ficar, uma filha assassina!
Um amigo se feriu, voltei para casa para arrumar as coisas para ele, mas quando fui tirar a água do fogo, ouvi vozes e barulhos, me escondi no banheiro e percebi que ainda estava com a adaga na mão ( estava treinando para usá-la, por isso estava em mãos ) , o homem me encontrou e eu enfiei a arma em seu coração, estava fora de mim, quando percebi o que fizera já era tarde. Meus amigos chegaram e me viram no chão chorando, reconheceram o homem, disseram que era um líder malvado que matou muitos e que vários já tentaram matá-lo, mas não conseguiram, agora vão festejar o ocorrido, a morte de um homem!
Desculpa ter te deixado, espero que essa fase acabe logo. Me perdoe pelo que fiz, sei que sou uma vergonha.
Com amor,

Alexis.
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Enquanto estávamos festejando, fui atras de encontrar alguém que fosse um mensageiro, perguntei para algumas pessoas mas elas não souberam dizer. Tive que ser muito forte, ouvir gente me parabenizando por ter matado o homem, era mais difícil do que parecia, estava quase cedendo à vontade de chorar e gritar, mas me contive. Depois de algumas voltas encontrei Jonas, ele veio até mim e ofereceu o braço, aceitei e ele me levou até um canto.

- Como, como pode matar aquele homem? — ele me olhava fixamente.

- Por favor, já não estou mais aguentando isso de todos me perguntarem, eu não pretendia matá-lo, não sei o que deu em mim... - falei chorosa caindo nos braços dele, que me seguravam.

- Faz um dia que começou seu treinamento e já matou o homem que eu tento matar desde os sete anos, quando meu pai morreu! Alexis, esse homem matou minha mãe e irmã, quase matou á mim e meu pai, ele quem causou os meus desmaios repentinos com uma cadeirada. E queimou toda minha vila! - eu olhei para ele, não sabia se estava tentando me animar ou me rebaixar - Se em um dia fez isso, imagina o que fará em anos?

- Não entendo, por que estão me incentivando a matar? Por que ganho com uma morte? Não quero parabéns, não quero pessoas ao meu redor, quero que me castiguem, me joguem no fogo, é o que mereço, sou uma assassina! - as lágrimas e os gritos já não se continham.

- Não! Não é uma assassina, é uma heroína! Matou um homem que por anos nos matou! - ele tirou meu cabelo do rosto e acariciou-me, eu negava com a cabeça tudo que estava acontecendo.

- Chega! Para mim basta! Não consigo, matar não é para mim, multidões não são para mim! Quero gritar, quero sumir! - me soltei de seus braços e saí derramando.

- Por favor, espere. - ele segurou minha mão e me puxou, bati em seu rosto e levei a mão na boca quando reparei o feito, tudo que pude foi correr, reparei que Jonas me seguia, apertei o passo e me escondi em um beco, ele passou direto e eu fiquei ali abraçada aos joelhos — Alexis, não precisa se esconder, só quero conversar. Não precisamos falar disso se não quiser. — ele gritou.

            — Estou aqui — falei desanimada e irritada. Ele me encontrou e sentou em frente a mim — O que quer?

            — Só conversar. Nos conhecer direito. — ele fez uma pausa e seguiu — Meu nome é Jonas Drummer Flint, tenho quatorze anos e sou de Melweed. Minha mãe, Carmen, e minha irmã mais nova, Liliane, morreram assassinadas a facadas, — aquilo me incomodou profundamente, meus olhos marejaram mas ele os secou sorrindo — meu pai suicidou-se com um machado e só sobrou a mim. Falcon soube e foi até a cidade e me salvou com um grupo de busca. Não sei se sabe mas aqui onde vivemos é uma sociedade-grupo, nós a chamamos de Rupron. — ele me olhou por um instante sorrindo — Sua vez.

           — Tudo bem... Meu nome é Alexis Korbone Castillo Barton, tenho doze anos e sou de Soulys, filha única. Meu pai morreu quando eu tinha oito anos, minha mãe me trocou por bebida. Gosto de morangos, mas só comi uma vez, por que meu pai era bibliotecário, então o dinheiro era escasso. Aprendi a ler com dois anos e já lia enciclopédias com cinco. — falei essa ultima parte com orgulho na voz e Jonas sorriu — Acho que já falei demais...

— Gosto de ouvir sua voz, parece uma melodia. — fiquei um pouco envergonhada, não sabia que falava melodicamente — Me lembra minha irmã... — ele abaixou o rosto, coloquei a mão em seu ombro, ele a sobrepôs com a dele.

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