Capitulo 8

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           Começamos o treinamento, o campo estava cheio. Espadas à direita com um supervisor jovem, o que o diferenciava era uma faixa no pulso. Arcos à esquerda com um mestre, lanças mais à frente e eu, que representava as adagas, ou melhor, a adaga, sem mestre, sem treinador. Todos treinavam e eu só olhava encostada na árvore, me encantavam, cochichavam dizendo que eu era covarde com o objetivo de me cortar pela raiz, mas em vez disso me motivou. Levantei e peguei a adaga. Treinava giros e facadas, parecia dançar. Parecia estar cada vez mais fácil.

            — Como uma garota pode receber o espírito do mestre? — era aquele garoto cafajeste novamente. Revirei os olhos e segui — Por que meu pai escolheu você a mim? Cresci em uma família de mestres, aprendi os golpes antes mesmo de ser alguém, mas não sinto meu corpo acompanhá-lo como devia. — aquilo chamara minha atenção, me virei e o encarei.

— Como assim ele me escolheu?

— Também não sei o que ele viu em você que não há em mim, eu deveria ser o mestre!

— Sinta-se livre para ser o que quiser, não sou eu que vou impedi-lo

— Não é assim que funciona! Acreditamos que os espíritos dos mestres escolhem o próximo deles, meu pai foi o último mestre. E eu vejo como se movimenta, seu corpo a acompanha e você nunca treinou, é autodidata. — ele estava com os olhos marejados — Enfim — secou as lágrimas — se não sou o mestre posso ensinar o que sei. — olhei um pouco receosa.

— Mas eu sou mulher.

— Você é boa, isso muda tudo. — deixei escapar um sorriso, tinha que parecer fria e madura, mas não consegui deixar de abraçá-lo para agradecer — Vamos começar do básico, ataque.

            — Ainda não me disse seu nome.

             — Harryson.

            — Harry.

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             Ele pegou uma adaga e se aproximou, explicou a parte teórica, fingi que entendi mas não entendera uma palavra sequer, então partiu para pratica. Ele pediu para me concentrar e repetir, primeiro ele girou e golpeou o boneco à frente, no segundo golpe ele chutou o boneco que foi direto ao chão e subiu em suas costas. Desceu do boneco, agarrou-o pelo pescoço e trouxe a mim, levantou-o, segurou minha cintura, girou-me, segurou meu punho e atacou, chutei o boneco e escalei-o exatamente como ele fizera, só para impressiona-lo.

             — Quero que me ataque. — não entendera, como iria atacá-lo, iria machuca-lo, ele percebeu meu desentendimento — Agora vai lutar contra alguém vivo. — ele tirou a espada do cinto e me atacou, logo meus reflexos entraram em ação e bloquearam a espada que vinha em direção à minha barriga, tentei chuta-lo mas ele segurou minha perna, me fazendo cambalear, se aproveitou da situação e encostou a espada em meu pescoço — Do inicio!

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