Sessão 8 - Mother's Milk

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Penélope despertou um tanto desnorteada na manhã seguinte, o sol entrando por entre as cortinas e inundando sua face. Ela se levantou lentamente de cima do corpo do maior e recolheu sua roupas pelo chão.

- Já vai, Penélope...? -Ele sussurrou sonolento, despertando com o som de seus passos sobre o chão de madeira.
- É... Já está meio tarde e vai ser uma longa corrida de táxi pra voltar pra casa.

Ele se sentou na cama lentamente e apoiou ambas as mãos sobre a cama, a observando se vestir em completo silêncio.

- Penélope, por que não fica mais um pouco?
- Achei que seu convite era apenas para sexo -Ela sorriu minimamente, se sentando a beira da cama para calçar seus sapatos.

- E se for para algo mais? -Ele murmurou baixinho, lhe segurando pelo braço levemente, quase num carinho.
- Não tente me amolecer, Patrick... Eu não sou uma boa companhia para qualquer um.

A morena o segurou levemente pela mão e a afastou com cuidado, um sorriso um tanto triste pendendo em seus lábios grossos.

Ele recostou as costas na armação de madeira da cama e suspirou fundo, notando como ela parecia incrivelmente relutante.

- Você pode fechar meu vestido? -Ela pediu num sussurro, virando as costas pálidas para ele. Patrick esticou as mãos mais perto e tentou firmar os dedos, puxando o zipper para cima lentamente, garantindo que não o emperraria com suas mãos tremulas.

Num último esforço, Patrick se aproximou timidamente, apertando as mãos cuidadosamente em seus ombros, os massageando levemente, levando a boca a sua nuca, numa mísera tentativa de faze-la mudar de ideia.

- Penélope, por favor, não me deixe sozinho. -Ele sussurrou contra sua pele gélida, lhe envolvendo a cintura com um braço forte. A sentia vacilar. - Eu não posso passar a noite sozinho...

A morena fechou os olhos com pesar e sentiu o nó lhe enforcando a garganta. Ela passou uma mão pelo braço que lhe aninhava.

- Você não está sozinho. -Ela murmurou de volta, abaixando a cabeça em derrota. - Patrick...
- Eu e você somos tão parecidos... Não precisamos ser estranhos sozinhos.

Penélope respirou fundo e se levantou, se desvesilhando de seu abraço. Ele parecia ser genuíno no que dizia, com o rosto corado e o corpo nu estendido na cama, os cachos espalhados em sua face cansada.

- Acho que sermos parecidos não é uma vantagem, Patrick. M-Melhor eu ir agora... -Ela pigarreou confusa, procurando por sua bolsa, tropeçando em seus próprios pés.

- Vamos nos ver de novo, Penélope?
- Oh... C-Claro... Você sabe onde eu moro, sabe meu telefone... Mas, você vai me procurar de novo, Patrick?

- Eu não sei... -Ele sussurrou, abaixando os olhos e fitando as próprias mãos.

- Nem eu sei, Patrick... -Ela respirou fundo, beijando seus cabelos emaranhados em cachos. - Quem sabe você descobre uma resposta para isso antes de mim.

***

- Bom dia, Patrick -Pandora sorriu ao vê-lo entrar pela porta para mais uma sessão. Ele parecia especialmente cabisbaixo, novamente com o enorme par de óculos na face, para se esconder.

- Bom dia, Pietra -Ele pigarreou, colocando seu casaco pendurado a parede. Naquela altura do campeonato, Pandora já havia desistido de o fazer acertar seu nome.

- Como se sente hoje?
- Ah... Eu tive um bom fim de semana. Isso é raro. -Ele tossiu, passando uma mão pelo próprio pescoço. - Eu acho que estou gostando de alguém.

- Isso é uma ótima novidade, Patrick.
- É... Eu acho... Acho que está em tempo de amadurecer, sabe? Quem sabe casar, ter filhos, uma carreira... É isso que pessoas normais fazem na vida adulta, não é?

- Sabe... Eu sabia que você e Penélope iriam se dar bem. Vocês dois tem tanto em comum e ela tem tanto amor enclausurado nela.

- Não estou falando dela. -Patrick pigarreou desconfortavel, virando os olhos e cruzando uma perna sobre a outra. - Jamais dariamos certo. Eu... Eu estou falando de Mary. A conheci numa biblioteca... Ela estuda direito assim como eu e... E ela parece tão tranquila, tão... Normal.

Pandora abriu os olhos com surpresa e cruzou os braços levemente na frente do corpo, parecendo não entender a postura nova de Patrick.

- O que te faz pensar que o que lhe falta é alguém normal?

O maior se calou por um longo instante, calculando muito bem cada palavra que sairia de sua boca.

- Se não deu certo com alguém tão quebrado quanto eu, talvez o oposto me sirva.

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