Capítulo 2

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Áden – Arábia Saudita

- Vô... – Alan gritou enquanto subia as escadas brancas de mármore - vô... você está aí?

- Alan... acalme-se. – era a loira Vic quem o segurava – acalme-se, por favor...

- Mas onde está o meu avô? Por que não me avisaram que ele estava tão mal?

- Eu... eu tentei te avisar, filho... eu juro... mas... eu não pude! Não consegui te localizar e você conhecia o seu avô...

- Droga! – xingou Alan passando a mão pelos cabelos negros ainda maiores que alguns meses, barbudo e cheirando a areia do deserto. E usava uma túnica verde calça e botas marrons.

Era sempre assim quando Alan chegava de suas viagens. Barbudo, cheirando aos por onde esteve, o bronzeado natural que tinha ainda mais pronunciado – E onde está o vovô?

- Venha comigo. – chamou Vic percorrendo a luxuosa suíte onde dormira por tantos anos com o homem que era o sultão dali.

Alan entrou no quarto do avô que era um dos maiores do palácio. Tinha miçangas, véus e almofadas preciosas acetinadas.

- Vovô... – ele disse baixinho, para o monte doente que estava encima da cama – vovô... – ajoelhou-se em sua cama e noto que nunca o havia visto daquele jeito que ele parecia nesse momento: um velho doente – aqui estou...

- Oh Alan... que bom que apareceu. Eu rezei a Alá que te mandasse antes que eu fosse contemplar a face do nosso Senhor.

A pele sempre lustrosa do homem se mostrava pálida e cinzenta, os olhos negros estavam sem vida, quase semicerrados como se custasse força ao sultão mantê-los daquele jeito.

-Não diga nada, vovô. O senhor vai melhorar... tem um povo todo aí fora lutando , rezando por isso...

- Cale-se, Alan Karbala. – ordenou o avo com um resto de forças – ouça-me... vai conhecer o seu pai. Vic vai te ajudar... tem de conhecê-lo, entendeu?

- Meu pai? – indagou Alan que ao longo de sua vida, seus trinta anos, nunca o havia visto, inclusive, dando-o por morto. Quando ele quis tocar no assunto, o homem sempre escapulia do assunto de quem era o que havia seduzido sua mãe e nunca mais aparecido – Meu pai... ele ainda está... vivo?

- Está. E vive na Espanha. Prometa-me que vai procurá-lo...

Alan sentiu o velho desgosto do abandono que sentira quando era garotinho tomando conta do adulto que ele era agora.

- Vamos Alan... prometa-me que vai procurá-lo, por favor...

- Está bem. – Alan o olhou nos olhos. Sabia que era isso que o velho queria. Suspirou profundamente e fechando os olhos parou de respirar.

Alan ficou calmo no início e então sentiu que perdia a um ente querido. Agora não tinha mais ninguém na vida. Somente um pai a quem nunca havia visto na vida. E sentiu que deveria ter passado mais tempo em casa, que deveria ter falado mais com o velho que o criara como seu filho. Que o amara como se fosse...

Fechou os olhos e sentiu a umidade e quentura da língua de sua pantera que o consolava. Ouviu o murmúrio baixo do choro de Vic e a fitou, ambos pesarosos.

- Certo... temos um funeral para fazer. Vamos levar meu avô para sua última morada...

Assim, as novidades foram passadas e no dia seguinte, o sultão de Áden estava sendo enterrado em seu palácio, junto de Cassandra, a mãe de Alan, falecida quando ele nascera.

- Meus pêsames, meu amigo... conheço sua dor. – era Henrique, seu amigo e sultão de all Mukalla.

- Obrigado. – Alan assentiu, mas era tão difícil ter de manter-se forte naquele momento em que se sentia tão sofrido.

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