Nine

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" Every once in a while, a dog enters your life and changes everything."

- Laura Lawford

Já estava morando com o tio Davide por quase um mês, mas com as coisas da faculdade e ainda tendo que arranjar um tempo para ficar com meus amigos, acabei nem explorando todos os cantos da casa que era bem maior do que parecia.

Portanto, estava decidida que naquele fim de semana eu não sairia de casa por nada. Resolvi fazer tudo com a maior calma possível, tomei um banho quente e fiquei um bom tempo escolhendo a roupa mais confortável que eu tinha. Acabei optando por uma calça de moletom cinza chumbo, uma blusa branca curta e um casaco bem comprido e felpudo cinza também. Enfiei minhas pantufas no pé e fiz um coque despojado, então saí do meu quarto e comecei a descer as escadas ainda sonolenta.

Tio Davide já estava sentado em sua poltrona, lendo o seu jornal.

- Parece que alguém estava com sono... Já fiz as panquecas. Você está atrasada, dormiglione! - Essa era uma palavra que eu já estava até acostumada em ouvir - dorminhoca - Tudo bem, eu não podia discordar, eu realmente era dorminhoca.

Tio Davide e eu já tínhamos desenvolvido uma rotina, todo dia de manhã nós acordávamos às sete horas e, enquanto ele fazia as panquecas, eu fazia um café ou um chá, que era as únicas coisas que eu sabia fazer.

Acontece que nos finais de semana eu simplesmente não conseguia acordar às sete, e por isso acabava estragando um pouco o esquema.

Me direcionei até a cozinha e tratei logo de fazer um chá, que ficou pronto em alguns minutos. Nos sentamos na mesa e começamos a comer, como sempre ficamos em silêncio, mas aquilo não me incomodava, eu e tio Davide gostávamos de apreciar o sabor da comida na hora das refeições.

Como eu não tinha aula, pudemos assistir a um filme juntos e não tinha nada melhor do que assistir a um filme com o tio Davide, na maioria das vezes ele não entendia nada do que estava acontecendo e por isso nunca ria nas horas engraçadas, mas gargalhava em partes super aleatórias, eu não me aguentava e ria junto.

Antes mesmo do filme acabar, tio Davide acabou dormindo, ele sempre fazia isso quando um filme não o agradava muito. Como eu já tinha assistido àquele filme diversas vezes (Guardiões da Galáxia), apenas saí de lá e fui explorar melhor a casa.

Acabei ficando horas na biblioteca do tio Davide, não era muito grande, mas era aconchegante com um ar vintage, como tudo naquela casa, e com livros muito bons.

Já eram 14 horas quando a fome bateu, decidi que iria ver se o tio Davide já tinha começado a fazer o almoço como sempre fazia e se ele precisava de alguma ajuda, mas ele ainda estava dormindo.

Percebi que eu teria que me virar e preparar alguma coisa, se não eu morreria de fome. Enquanto estava procurando por macarrão no armário, ouvi um latido. Na hora eu nem liguei muito, já havia ouvido outras vezes e eu jurava que fosse o cachorro do vizinho.

Mas o cão continuou latindo e foi então que eu percebi que o som estava perto demais para estar vindo da casa ao lado. Fui até a janela que dava para o jardim, mas não vi nada.

Resolvi ir até o lado de fora, assim que abri a porta um vento frio me atingiu com toda a força do mundo, mas o vento não foi o único que me atingiu, um imenso São Bernardo havia pulado com tudo para cima de mim.

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