Six

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"You're a warrior, warriors don't give up and they don't back down. Pick up your sword and shield and fight"

- Rafael Peterson

Observava umas crianças brincarem no parquinho da praça enquanto tragava meu cigarro.

Era engraçado como as mães não gostavam que as crianças chegassem perto de mim.

No entanto, eu não as julgava.

Eu era assim com Meghan, não deixava que ninguém chegasse perto dela. Eu, mais do que qualquer um, sabia o quão perigoso o mundo era.

Eu era o perigo no mundo.

Já Meghan, era tudo de mais belo. Ela era tudo para mim.

Senti meu celular vibrar no meu bolso. Eu já sabia quem era e exatamente por isso, não queria atender. Mas eu sabia as consequências caso eu não atendesse.

- O que você quer? - fui direto ao assunto, com meu pai não havia formalidades.

- Vamos nos encontrar atrás do bar do John à 1:00 da manhã. Esteja lá. - eu podia notar que ele estava bêbado. Ele sempre estava.

Eu sempre ficava tenso quando ele me ligava, porque eu já sabia o que teria que fazer, e eu simplesmente odiava ser subordinado a ele.

Eu odiava ter que fazer as coisas que ele mandava.

E odiava o modo como não podia fazer nada a respeito.

No meu meio social, as pessoas costumavam me respeitar. Ou melhor, elas me temiam.

Todos sabiam quem eu era, mas ninguém falava sobre isso. Era mais fácil ignorar e eu preferia assim.

Mas com meu pai não, com ele eu era impotente.

E era por isso que eu o odiava.

Tive que pegar o metrô, porque a casa da minha tia era muito longe.

Nós até tínhamos carro, vários na verdade, mas eles não eram feitos para ficarmos desfilando pela cidade. Eram carros de fuga. E todos eram roubados ou comprados com dinheiro roubado também.

Eu sempre achei aquilo ridículo. Pra quê roubar se vai deixar escondido na garagem?!

Por isso eu evitava ao máximo pensar nessas coisas. Preferia me concentrar em Meghan, ela era a única parte boa da minha vida.

E lá estava ela, sentada no chão da sala, brincando com suas bonecas. Eu fiquei observando-a do lado de fora, pela janela.

Meghan tinha 5 anos e era a garota mais alegre que eu conhecia. Eu não entendia como ela conseguia ser tão feliz com uma realidade tão obscura quanto a dela.

Ela era minha meia-irmã, mas nunca gostei de chamá-la assim. Ela não era meia para mim, ela era tudo.

Minha única família.

Assim como eu, sua mãe havia morrido e nosso pai nunca foi uma figura paterna presente para nenhum de nós dois. Apesar de que, eu sabia que ele a amava. Já eu não. Ele não me amava, mas isso não me decepcionava porque nunca esperei nada dele.

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